Ultrassonografia Transfontanela: saiba o que é e porque ela é fundamental em bebês prematuros

Fábio Marques – A taxa de nascimento de bebês prematuros no Brasil caiu na última década, passando de 12% para 11,1%, segundo dados do relatório “Nascido cedo demais” (Born Too Soon). Embora a redução seja motivo de comemoração, o percentual calculado com base nos dados do DataSUS ainda representa quase 300 mil prematuros nascidos anualmente. Nesse cenário, a médica radiologista pediátrica do Espaço Zune, Daniella Carneiro, ressalta a importância de exames realizados nos primeiros momentos de vida do recém-nascido como a ultrassonografia do crânio ou transfontanelar para realizar o diagnóstico rápido de ameaças à integridade da criança.

“Esse exame é extremamente importante e indicado em todos os bebês que nascem com menos de 36 semanas porque o bebê prematuro tem um risco maior de fazer um tipo de hemorragia chamado de hemorragia de matriz germinativa. Ela acontece em um lugar no cérebro entre o sulco tálamo caudado, que tem vasos mais delicados e que sangram com mais facilidade em bebês com menos de 36 ou 34 semanas, porque eles não se formaram ainda”, explica a especialista.

Ultrassonografia transfontanelar e a prematuridade

Bebês prematuros ou nascidos antes do termo são aqueles com parto realizado antes de 37 semanas de gestação, podendo ser considerados prematuros limítrofes quando entre 36 e 37 semanas, moderados quando entre 31 e 36 semanas, e extremos quando entre 24 e 36 semanas.

Como a médica radiologista explica, esses bebês ainda não tiveram a sua formação completa e, consequentemente, esses vasos também não estão completamente formados com esse número de semanas. “Por isso, qualquer coisa pode gerar esse sangramento. Existem quatro graus de hemorragia, um, dois, três e quatro, do mais leve ao mais grave. Devido a esse risco, precisamos identificar se ocorreu o sangramento para saber se o bebê vai ou não evoluir para uma hidrocefalia ou alterações no parênquima cerebral para, aí sim, agir de forma a evitar danos futuros”, detalha.

Diante disso, a Daniella Carneiro ressalta que a ultrassonografia transfontanela precisa ser feita quando o bebê acabou de nascer, entre o quarto e sétimo dia de vida. Entretanto, em alguns casos é necessário fazer o exame de forma seriada para poder avaliar a evolução de uma possível doença vista ainda no início de seu desenvolvimento. “Ele é importante tanto para excluir quanto para demonstrar alguns tipos doenças. Então, é feito sim naquele bebê que não tem nada, que clinicamente está tranquilo, justamente para excluir a possibilidade de que ele tenha alguma coisa”, pontua.

Quando fazer a ultrassonografia transfontanelar?

A principal indicação é para bebês nascidos prematuros ou de menos de 36 semanas, que têm um risco maior de terem hemorragia intracerebral, mas também pode ser realizado em recém-nascidos a termo. “A ultrassonografia do crânio ou transfontanelar é um exame muito seguro e que permite fazer diagnóstico à beira-leito, ou seja, conseguimos levar o aparelho para o lado do bercinho ou da incubadora na UTI neonatal e diagnosticar possíveis doenças congênitas já nos primeiros dias de vida”, esclarece.

Como é feito o exame

Muitos pais ainda ficam em dúvida sobre a ultrassonografia transfontanela. Ele é exatamente o exame da cabeça do bebê, por isso também é chamado de ultrassonografia do crânio. Nele, através de uma sonda que é colocada na cabecinha, mais especificamente no local chamado fontanela, é possível avaliar todas as estruturas intracranianas, ou seja, do cérebro do recém-nascido.

“Esse exame deve ser feito ainda no início da vida do bebê, porque é preciso que a fontanela, que conhecemos como moleira, esteja aberta. Por isso temos a limitação de idade. É um exame indolor, sem radiação ionizante ou qualquer risco para a criança, não tendo contraindicações”, frisa Daniella Carneiro.

A fontanela anterior, que fica no topo da cabeça e é a principal área utilizada no exame, se fecha por volta de 1 ano e 3 meses depois do nascimento do bebê. Quando se aproxima de 1 ano esse espaço fica cada vez menor, restringindo as informações do ultrassom, já que apenas a região mediana fica visível e a capacidade de visualizar as regiões laterais é bem reduzida.

Já a fontanela mastóide, que fica atrás da orelha, fecha com 3 meses de idade. Ela é de extrema importância para visualizar a fossa posterior, principalmente em crianças que têm possibilidade de malformação de Dandy Walker – associada a distúrbios de áreas do sistema nervoso central – ou de Chiari – conexão da parte de trás da cabeça com a coluna vertebral, que pode causar hidrocefalia, entre outros problemas. “Precisamos enxergar essa região posterior e, principalmente, o começo da coluna cervical para poder dar esses diagnósticos. Essa fontanela, por exemplo, só conseguimos utilizar quando a criança é bem pequenininha, temos uma janela de tempo para a realização desse exame. Por isso, a ultrassonografia transfontanela é considerada um exame de screening (identificação presuntiva da doença), sendo importante tanto naquele primeiro momento do nascimento quanto no acompanhamento dessas crianças”, arremata a radiologista pediátrica.

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