“Nave, monstruoso e gigante”. Estes são alguns dos adjetivos dados pelo guia de pesca Romário Godez ao maior pintado já fisgado no Brasil. O pescador foi responsável pelo feito, nessa quinta-feira (5), no rio Dourados, em Fátima do Sul (MS). O fim da pescaria foi filmado e compartilhado nas redes sociais.
Ainda eufórico com o feito, Godez conversou com o g1 sobre a pescaria, a paixão pelos rios e como ocorreu o feito. O pescador esportivo explicou que, logo após a batalha, enviou vídeos, fotos e dados do peixe para a “Brazilian Game Fish Association” (BGFA), associação que homologa e registra os recordes dos gigantes dos rios brasileiros (entenda mais abaixo o processo de homologação e recordes).
Pescaria alucinante
Pescador fisga o maior pintado do Brasil. — Foto: Arquivo pessoal
O dia começou cedo. Logo na manhã, Godez e um cliente saíram rumo ao rio Dourados para a pescaria. As primeiras horas não foram tão otimistas quanto aos peixes fisgados pela dupla. Entretanto, após o almoço, o jogo virou completamente.
O pescador relembra que lançou a isca artificial ao rio duas vezes, não teve retorno em nenhuma das tentativas. Sem desistir, Godez jogou mais uma vez, não demorou muito para ele sentir o peso do gigante pintado na vara.
“No terceiro arremete engatou. Já tenho a manha. Falei para o meu amigo: ‘é monstruoso!’ Já estava acostumado com a briga. Eu só pedia para Deus proteger o peixe, eu queria tirar uma foto com aquela nave”.
Godez às margens do rio com o troféu. — Foto: Arquivo pessoal
A briga entre pescador e peixe durou cerca de 30 minutos. “Quando o peixe é maior, a briga é maior. Adrenalina é extremamente maior. Fisguei o peixe, ligamos o motor e começamos a cercar o animal. Fui cercando ele, sempre entendendo o espaço. O peixe até puxou meu barco, foi uma loucura”.
Mais tranquilo, Godez lembra com carinho das sensações durante a disputa. O pescador explicou como a mente dele agiu para garantir o fim feliz, às margens do rio Dourados. “Uma parte da cabeça funciona para fazer tudo certo e a outra vai a 100% de adrenalina. É inexplicável a sensação, é muito diferente”.
O pescador esportivo conduziu o animal a uma das margens do rio para fazer o registro. Depois da comemoração, Godez tirou foto, mediu e até beijou o gigante pintado. Logo em seguida, o animal foi solto e voltou ao curso do rio.
“Cada peixe que eu solto, devolvo ao rio, eu ganho outro futuramente. Incentivo as pessoas a fazerem o pesque e solte. Antes de colocar os pés no barco, faço minha oração para a minha pescaria ser abençoada. Quem preserva, tem! Aqueles que fazem o bem, Deus abençoa”, disse emocionado.
Pesca esportiva e homologação de recorde
Pescaria rendeu maior feito para o pescador. — Foto: Arquivo pessoal
De um hobbie, para uma paixão e, agora, profissão. Godez começou na pesca esportiva em 2020. Atualmente, acompanha turistas e pescadores de todo o Brasil que vêm a Mato Grosso do Sul para o encontro com os gigantes dos rios. “Era um hobby, virou profissão e hoje é uma paixão inexplicável. Cada dia é uma coisa nova, uma experiência é diferente”.
O peixe mediu 1,76 m da ponta da cabeça ao rabo. Porém, para homologar como recorde na espécie, o pintado deve ser medido da cabeça ao fim das vértebras, desconsiderando a parte das nadadeiras do rabo. Desta maneira, o peixe mediu 1,60 m, ultrapassando em 7 cm o que era o último recorde.
“O peixe é maior que eu. Na hora que eu embarquei, a adrenalina foi a milhão, o peixe se torna um companheiro. Cada peixe é uma adrenalina diferente, uma situação diferente. Já perdi vários gigantes, é uma coisa inexplicável”, destacou.
Peixe mediu 1,76m e é considerado o maior pintado homologado do Brasil. — Foto: Arquivo pessoal
Godez explica que para comprovar o recorde é necessário realizar a medição da espécie com uma régua fornecida pela BGFA em um local plano e medir o peixe vivo. Todos os momentos precisam ser filmados, como critérios de comprovação.
As partes medidas vão desde a boca do peixe até o meio do rabo (o restante da cauda não entra na medição). Depois disso, é necessário filmar também a soltura do peixe. Para ser homologado, o animal precisa ser devolvido ao habitat natural.
O peixe fisgado por Godez foi analisado e aprovado pela BGFA nesta sexta-feira (6). A homologação do recorde deve ser feita em um período de 20 dias, quando a associação torna público o novo feito por meio de redes sociais.