Moinho Cultural leva “Guadakan” para o Paraná e Assunção

Turnê passou por Cascavel e Foz do Iguaçu, no estado paranaense, e Assunção, no país vizinho

Karine Dias – O Pantanal voltou a queimar. Animais, principalmente répteis e anfíbios, voltaram a ser vítimas das chamas. O colorido, tão característico do bioma, já dá lugar às cinzas. Entre janeiro e agosto deste ano, já foram 1,22 milhão de hectares queimados, conforme o Monitor do Fogo do MapBiomas. Enquanto focos de incêndios têm se alastrado pelo Pantanal, a maior planície alagável do planeta, o Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, de Corumbá/MS, segue com a missão de chamar a atenção do mundo para o problema ambiental e sensibilizar, por meio da arte. Bailarinos da Cia de Dança do Pantanal e músicos da OCAMP (Orquestra de Câmara do Pantanal), saíram em nova turnê com o espetáculo “Guadakan”. Desta vez, a montagem foi apresentada em Cascavel e Foz do Iguaçu (PR) e também no Pulso Festival Internacional de Dança, em Assunção, no Paraguai. Mais de 800 pessoas assistiram “Guadakan”, nesta turnê.

Concebido a partir de um mito indígena Guató, uma etnia estabelecida na fronteira do Brasil com a Bolívia, o espetáculo conta uma história que ressalta a necessidade da preservação do Pantanal e toda a sua biodiversidade, principalmente no atual momento vivido pela Humanidade, com diversos tipos de mudanças e emergências climáticas. Unindo dança contemporânea e música, com uma trilha sonora executada ao vivo, a montagem faz uma viagem às origens dos povos do Pantanal, buscando a sabedoria dessa ancestralidade, que atravessa gerações, para revelar alertas.

Aberto ao público, o espetáculo é uma das ações do Moinho Cultural apoiadas via Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), com patrocínio master do Instituto Cultural Vale, além do patrocínio da BTG Pactual, LHG Mining, Suzano, Too Seguros e RealH.

O espetáculo, adaptado para ser apresentado em formato de turnê, até então, já tinha sido visto por mais de 5 mil pessoas. A montagem já foi apresentada anteriormente em Corumbá, Campo Grande, Dourados e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, além das cidades do Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).

Professor de ballet, Giullianno Silvero assistiu ao espetáculo durante esta turnê, em Foz do Iguaçu, e classificou como “incrível” a montagem. “Estética linda, figurino maravilhoso, história impecável. A preocupação com o meio ambiente, a natureza e a forma como expressaram o que está acontecendo foi impecável. A mensagem que fica é: ‘vamos cuidar do nosso planeta’. O espetáculo me tocou muito”, disse, logo após assistir a apresentação.

Para a funcionária pública Glaiz Duarte, ‘Guadakan’ foi uma superação de emoções em Cascavel. “Foi descobrir emoções e superá-las: a tristeza provocada pelas queimadas, a falta de conscientização. Tudo fica guardado dentro de nós. O espetáculo foi de uma emoção muito grande. Passou muito sofrimento, muita dor, mas de uma beleza incomparável. Foi maravilhoso”, destacou.

Em Foz do Iguaçu, a apresentação do espetáculo contou com a participação de representante da Unila (Universidade Federal da Integração Latino Americana). Luciano d’ Miguel, produtor cultural e chefe do Departamento de Cultura da Pró-reitoria de Extensão da universidade, disse que em breve devem assinar um convênio com o Instituto Moinho Cultural Sul-Americano.

“Graças ao diálogo que iniciamos, teremos, muito em breve, um convênio envolvendo a Unila, juntamente com o Moinho Cultural, para poder fazer com que a arte nas regiões de fronteira seja mais realizada, estudada, aprimorada e incentivada. E que tenhamos residências artísticas e fazer com que o fluxo dos rios das nossas regiões tragam consigo a nova cultura”, pontuou.

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