Marçal é expulso de debate; marqueteiro de Nunes é agredido

O candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, foi expulso do debate do Flow News, nesta segunda-feira (23), após desrespeitar as regras ao dizer que iria prender o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Após o início de uma confusão na ocasião, o assessor de Marçal, Nahuel Medina, acertou o marqueteiro de Nunes, Duda Lima, com um soco no rosto. Lima teve um corte no supercílio e saiu sangrando do local. Ele foi encaminhado para o Hospital Albert Einstein.

Medina publicou nas redes sociais uma foto de sua mão e disse: “Eu só me defendi instintivamente.” Ele foi conduzido para o 16º Distrito Policial, na Vila Clementino, na zona sul.Após o início de uma confusão na ocasião, o assessor de Marçal, Nahuel Medina, acertou o marqueteiro de Nunes, Duda Lima, com um soco no rosto. Lima teve um corte no supercílio e saiu sangrando do local. Ele foi encaminhado para o Hospital Albert Einstein.

Medina publicou nas redes sociais uma foto de sua mão e disse: “Eu só me defendi instintivamente.” Ele foi conduzido para o 16º Distrito Policial, na Vila Clementino, na zona sul.

Marçal foi advertido por três vezes pelo mediador do debate, Carlos Tramontina. Entre as regras definidas para o encontro, na terceira ocorrência, o candidato seria eliminado do debate, teria seu microfone desligado, sua cadeira removida, e, poderia acontecer intervenção da segurança.

Falas de Marçal

Em sua fala que deu início a confusão, Marçal disse que iria fazer uma promessa de campanha: “Ele vai para a cadeia”, se referindo a Nunes.

Com isso, Tramontina lhe advertiu e disse: “Se o senhor se esquece, as regras estão aqui que o senhor assinou. Eu posso interrompê-lo. O senhor está sendo advertido. O senhor aparentemente está aproveitando o último instante do debate para abaixar o nível.

Marçal voltou a dizer as mesmas coisas: “Nós vamos prender o prefeito por envolvimento com problema de creche. Isso não é da ofensa. Você tem que ouvir. Ele não gosta de crítica.” Ele foi novamente advertido.

Na volta do tempo, o candidato do PRTB voltou a dizer: “A Polícia Federal vai prender o Ricardo Nunes. Essa é uma promessa de campanha por causa das merendas”.

Após sua fala, Marçal foi expulso do debate.Duda Lima sangrando após ser acertado por membro da equipe de Marçal • Reprodução

Foi instaurada, então, uma confusão e as câmeras foram cortadas.

Marçal diz que marqueteiro de Nunes começou confusão

Após o debate, Marçal disse que a agressão começou com Duda Lima.

“Ele avançou contra um integrante da minha equipe e, na reação, ele acabou desferindo um soco contra ele”, declarou Marçal.

“Duda Lima precisa ser retirado, ele não pode entrar mais nesses debates, pois ele assumiu as dores do prefeito que vou prender. Isso é uma proposta de campanha: ele não vai passar ileso. Ele participou dos esquemas de creche”, prosseguiu Marçal.

Pelas redes sociais, o candidato do PRTB divulgou um vídeo em que aparece o marqueteiro de Nunes tentando pegar um celular que estava gravando um vídeo. É um trecho curto e não é possível saber o contexto.

Como foi o debate:

Antes da agressão e da expulsão, o debate vinha caminhando de forma tranquila, com os candidatos respondendo a questionamentos sobre a cidade e apresentando as suas propostas.

Além de Nunes e Marçal, participaram do debate os candidatos Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Tabata Amaral (PSB) e Marina Helena (Novo).

Foram definidas previamente regras para o debate:

  • Não serão tolerados ataques de natureza pessoal e familiar;
  • Apelidos pejorativos são considerados ofensas/ataques;
  • Ataques pessoais contra oponentes ou familiares não serão aceitos;
  • Não será permitido o porte de objetos usados para ofender ou agredir;
  • Toques físicos que possam significar agressão não serão aceitos;
  • Candidatos não pode sair de seu lugar durante o debate para confrontar adversários.

Na terceira ocorrência de ofensa, o candidato seria eliminado do debate, teria seu microfone desligado, sua cadeira removida, e, poderia acontecer intervenção da segurança. Como foi feito com Marçal.

Peguntas da população

Os candidatos responderam a perguntas da população sobre diversos temas. Veja a seguir:

  • Preservação de monumentos históricos – Marçal: “A primeira coisa que você tem que saber do monumento histórico ser tombado é sete vezes mais caro do que uma reforma privada. Portanto, os empecilhos que existem na legislação em relação a tombamento. É nítido que na sua pergunta mostra que a atual gestão ela não conseguiu fazer o precisa ser feito.”
  • Falta de transporte escolar para crianças nas creches – Nunes: “Sobre o transporte, nós temos o transporte escolar gratuito para todas as crianças. Institui a Baby TEG [Transporte Escolar Gratuito], porque não tinha transporte para os bebês e agora tem. Nos tínhamos em 2020, 70 mil crianças que utilizavam hoje são 150 mil, destas 20 mil são bebês e 25 mil que são crianças que são autistas ou com deficiências. No próximo mandato, eu vou fazer o Mamãe Tarifa Zero. As mamães que tem crianças nas creches municipais que não utilizam o transporte escolar gratuito, elas vão poder utilizar durante a semana toda o transporte. Tem muita mamãe que utiliza a creche do lado do trabalho.”
  • Inclusão para imigrantes – Datena: “O Brasil é o único pais do mundo onde a miscigenação de racas deu certo. A mistura de racas no Brasil foi tão importante no Brasil foi tão importante que deu origem ao que o Brasil tem de maior riqueza. Nós temos ouro, prata, nióbio, água em profusão, Amazônia azul, a Amazônia, mas na realidade o que o Brasil tem de melhor é você. É gente. O Brasil sempre foi visto como um país acolhedor. Não só na época das migrações que ajudaram muito a constituir essa cidade quando vieram nordestinos que ergueram prédios e casas e a mesma coisa deve funcionar em relação a estrangeiros. Nossa função foi tao importante na história do mundo que nos demos um Osvaldo Aranha o passo inicial para ONU. Temos que receber de braços abertos pessoas de todas as etnias e todos os lugares do mundo, porque o Brasil tem essa formação e precisa acolher essas pessoas.”
  • Pessoas passando fome – Marina Helena: “A gente está em uma cidade que não faz mais sentido nenhum as pessoas passarem fome. Isso é fundamental. Você tá no centro da cidade e a gente sabe que a gente tem um problema grande da Cracolândia e a gente tem um problema que são as pessoas em situação de rua. Parte disso, a questão da fome, venha daí. O que me preocupa é o que estão fazendo todas as organizações sociais aqui da prefeitura que estão teoricamente cuidando tanto das pessoas que estão na Cracolândia quanto das pessoas que estão em situação de rua. A nossa vereadora, Cris Monteiro, fez uma pergunta para prefeitura “o que fazem as mais de 90 organizações sociais que hoje cuidam da Cracolândia”. Muitas vezes a alimentação não é dada no local correto. O certo seria que as pessoas foram tiradas das ruas e levadas para abrigos apropriados. Ha cidades em que a gente não vê essa população na rua e nem tem Cracolândia. O fundamental é a porta de saída. O que me preocupa é a gente estar gastando bilhões com essas organizações. A gente precisa da porta de saída. Restabelecer vínculos familiares, dar tratamentos psicológicos e capacitação para o mercado de trabalho.”
  • Transporte público e aumento da passagem de ônibus – Boulos: “Para onde está indo o dinheiro do sistema de transporte de São Paulo? Tem o dinheiro que o povo paga de passagem e, além disso, tem o dinheiro que a prefeitura paga pras empresas, que tá chegando a R$ 6 bilhões. O número de viagens das empresas com os onibus reduziu 20% desde o fim da pandemia. Ou seja, tem menos ônibus na rua, estamos pagando mais e recebendo menos. Para onde está indo esse dinheiro?”
  • Melhoria no turismo e zeladoria – Tabata: “São Paulo é rica por causa dos turistas que recebe também. E a gente sabe que numa cidade como a nossa, os turistas estão indo embora por duas razões muito fundamentais. A primeira delas é a questão de segurança. Você está falando com a gente da Avenida Paulista,  que infelizmente é um dos pontos mais principais de roubo e furto de celular. E aí eu lhe pergunto: ‘Se é uma avenida que tem quatro estações de metrô, por que é que o policiamento não aumenta? Por que é que não tem um trabalho de inteligência?’ Não só com vigilância 24 horas, mas com policiamento. Gente, São Paulo está batendo recorde de roubo de celular, recorde de estupro, recorde de morte no trânsito. E a gente sabe que são sempre nos mesmos lugares. É sempre aquela esquina, é sempre aquele ponto. Porque a polícia, que é a guarda, nunca chega antes? Só chega depois. Não é a questão do roubo de celular, é a segurança das mulheres também.”

Perguntas dos jovens

Os jovens questionaram diretamente os candidatos sobre temas diversos. Veja:

  • Poluição – Marçal: “Primeira coisa é que a gente precisa da ajuda do governo do estado para aprovar a isenção do IPVA para carros elétricos. Assim como Brasília fez, isso vai fazer com que as pessoas, ao contrário do que a legislação fala, de que precisa esperar o carro ter 10 anos para ter isenção de IPVA, a gente tem que ter isenção de IPVA desses carros. Isso já vai eleitrificar a frota nos próximos 10 anos. O que a gente precisa também é concluir esse plano de colocar combustível verde nesses mais de 12 mil ônibus dessa cidade. Nós precisamos, com essas 48 mil ruas que a gente tem, e praças aqui, 28 mil quadras a gente precisa plantar 3 milhões de árvores.”
  • Melhora do ensino básico – Boulos: “Eu vou criar um multirão Paulo Freire de alfabetização de jovens adultos para garantir aquilo que o prefeito não tem feito. Ricardo Nunes não tem feito isso. Eu vou fazer sem deixar ninguém para trás. Não podemos deixar para trás, vamos fazer isso em parceira com a associação de moradores e garantir que a gente tenha 100% da população de São Paulo alfabetizada. A gente vai fazer educação integral em São Paulo. E aquelas crianças que estão no ensino fundamental em São Paulo, a gente vai fazer educação integral. Você faz o meio período normal.
  • Vulnerabilidade das mulheres – Tabata: “A gente sabe que São Paulo hoje é uma cidade muito insegura para as mulheres. Eu não sei se você viu aquele vídeo horrível de uma mulher que estava em frente à uma escola pública na Mooca, em plena luz do dia, e um homem tentou arrastá-la para o carro. Graças a Deus não conseguiu. Mas nada foi feito e ele continuou tentando arrastar as mulheres. E eu me fiz uma pergunta, que eu imagino que todas as mulheres se fizeram: ‘Onde é que tava a guarda? Para que serve essa câmera? Nem na luz do dia? Nem em frente a uma escola? É assédio batendo recorde, é violência doméstica, é estupro. São oito estupros por dia que a gente fica sabendo. O crime sempre acontece no mesmo lugar, são esssas áreas que tem de ter o policiamento reforçado, que tem que ter a iluminação top, forte. É a gente cuidar do matagal, da zeladoria. A cidade está muito insegura para as mulheres.”
  • Recurso para projetos sociais na periferia – Nunes: “Pela primeira vez na história da cidade, o PPA, o Programa Pluri Anual, que é uma lei que é a gente é obrigatório a votar no começo da gestão, que vai definir como vai comptar os investimentos, os orçamentos nos próximos quatro. E a gente aprovou pela primeira vez, como eu disse, um artigo que parte dos investimentos devem ser investido nas regiões mais periféricas. Por isso a gente está com muitas obras. Eu vou entregar até o final do ano 8.400 obras e 95% delas nas regiões periféricas.”
  • Incentivo ao empreendedorismo – Datena: “Primeiro é trocar imposto por emprego. São R$ 56 bilhões de impostos cobrados e o emrpesariado tem que ter diminuido os impostos da forma com que ele proporcionar emprego.”
  • Problemas em hospitais públicos – Marina: “A nossa primeira proposta é o ‘Chega de Filas’. Se você passar mais de 30 dias para conseguir agendar ou um exame ou uma consultar com especialistas, você vai receber esse valor para fazer em clínicas particulares. Outro ponto fundamental  é gestão. A gente viu no Hospital das Clínicas um depoimento que me marcou demais uma pessoa no hospital me disse o seguinte: ‘Quando a gente dependia do Estado, a gente tinha um comparecimento nas consultas de 15%. A gente resolveu confirmar com a pessoa um dia antes. E aí passou para 77%”. Então a gente pode sim melhorar a gestão para fazer com que esses agendamentos sejam facilitados e para fazer também com que haja confirmação.”


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