Um pescador foi autuado por pescar um peixe Mero (Epinephelus itajara), que é raro e está ameaçado de extinção. Segundo apurado pelo g1, o pescado já estava morto no momento do resgate em São Vicente, no litoral de São Paulo. O homem foi multado em R$ 7.200 e o outro tripulante da embarcação fugiu.
Segundo a 5ª Companhia de Polícia Militar Ambiental Marítima, uma equipe realizava uma patrulha preventiva, na tarde de quarta-feira (24), quando viu uma embarcação pesqueira, com duas pessoas dentro, entrando na ‘Garganta do Diabo’, região localizada entre a Ilha Porchat e o Parque Estadual Xixová-Japuí.
Assim que os pescadores viram os policiais, eles mudaram a rota e foram para as margens do Xixová. Por conta da mudança de trajeto, os agentes começaram a seguir a embarcação. Os tripulantes deixaram o veículo, pularam na água e levaram o peixe Mero. A equipe iniciou uma perseguição e entrou no mar atrás dos infratores.
Os militares encontraram um dos pescadores, junto com o peixe ameaçado de extinção, próximo a uma construção inabitada, na Área de Proteção Ambiental Marinha Litoral Centro. O flagrante resultou em um Auto de Infração Ambiental.
Ainda de acordo com a PM Ambiental, objetivos para pesca foram apreendidos dentro da embarcação. O pescado, por sua vez, foi encaminhado ao Instituto Mero do Brasil.
‘Gigante do mar’
De acordo com a Polícia Ambiental, desde 2002, a captura dos meros, assim como transporte, comercialização, o beneficiamento e a industrialização são proibidos segundo a Portaria do Ibama Nº 121. Em 2020, a mais recente avaliação de ameaça de extinção apontou que a espécie está criticamente em perigo.
O g1 conversou com o biólogo Eric Corin, que explicou detalhes sobre o peixe Mero. Segundo ele, a espécie pode chegar a aproximadamente 2,5 metros de comprimento e pesar mais de 400 kg. Apesar disso, eles são considerados dóceis e curiosos, permitindo a aproximação de mergulhadores.
“Ela [espécie] teve um grande declínio nos últimos 65 anos. Considerando a distribuição da espécie, ela foi reduzida em mais de 80%, ou seja, nesse tempo morreram mais meros do que nasceram. Por isso que esses peixes correm um sério risco de desaparecer”.
De acordo com Eric, a primeira inclusão do mero na Lista Vermelha da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN), ocorreu em 1994 como Criticamente em Perigo (CR). Hoje, pela IUCN, em uma escala global, o mero é classificado como Vulnerável (VU), o que não reflete necessariamente a melhora do status das populações mundiais, mas a ausência de dados populacionais.
Para ele, as principais causas da extinção são a pesca ilegal, a poluição marinha, e degradação dos ambientes marinhos e costeiros. “Uma das coisas que muitos dos pescadores conhecem são os pontos onde esses animais fazem agregações de reprodução”.
“Essa espécie pode viver mais de 40 anos. Ele [mero] atinge a maturidade sexual por volta de 6 a 8 anos de idade. Para a gente proteger uma geração de mero, é preciso décadas e cuidados com a espécie”.