Superlotação e falta de vagas estão entre situações que penalizam famílias desde o início do ano letivo e precisam de atenção e discussão conjunta
A deputada estadual Gleice Jane (PT) denunciou a ausência de um debate amplo e necessário sobre a qualidade da educação no município, enquanto a discussão se concentra na implementação de escolas cívico-militares. O tema foi pauta de votação na Câmara Municipal de Dourados nesta segunda-feira (29).
Para a deputada estadual, que é professora, o foco excessivo nas escolas militares está desviando a atenção das questões críticas que afetam a educação pública na cidade. “Estamos deixando de tratar de necessidades urgentes da educação pública, como a falta de vagas e a superlotação das salas de aula, que temos visto penalizarem as famílias desde o início do ano letivo”, enfatizou.
Gleice Jane relembrou que o ano de 2024 comecou com mais de mil vagas faltando na rede municipal, com famílias sem conseguir matricular seus filhos nas escolas públicas. “Nossos professores estão sobrecarregados e a qualidade do ensino está em queda livre,” afirmou. Por conta disso, ela é contrária à pressa na discussão sobre a militarização de escolas no município, sem que haja atenção para os problemas latentes no ensino da cidade.
Tentativas de adiar a votação do projeto para permitir uma discussão mais aprofundada foram frustradas, com os vereadores rejeitando sistematicamente as propostas. “O vereador Elias Ishy buscou trazer esse debate para a Câmara, mas encontrou resistência,” relatou Gleice Jane.
A deputada anunciou que levará a discussão à Comissão de Educação, afirmando que é crucial focar na melhoria da qualidade do ensino. “Não podemos permitir que a educação de nossas crianças seja tratada com descaso. Precisamos de um debate sério e comprometido com a qualidade do ensino, que priorize a educação e não os interesses de grupos específicos”, enfatizou.
Nesse sentido, ela defende veementemente que o debate seja feito considerando a análise de quem está em sala de aula diariamente e conhece a realidade do ensino.
A postura está alinhada ao sindicato dos trabalhadores em educação, reiterando que a qualidade do ensino não pode ser sacrificada em prol de projetos que não atendem às reais necessidades da população.
Entenda – Nesta segunda-feira (29) foi aprovado na Câmara de Dourados o projeto do Executivo que autoriza a implantação das escolas cívico-militares na cidade. Para o Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação), o modelo de educação cívico-militar representa retrocesso na educação, além de ferir princípios constitucionais e ser alvo de questionamentos judiciais pelo País.
Danúbia Burema Foto: Fernanda Sabô