A família de Juliana Leite Rangel, jovem de 26 anos atingida na cabeça por disparos feitos por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no dia 24 de dezembro, luta na Justiça para obter uma pensão provisória. O objetivo é assegurar recursos financeiros para se manter durante o período de recuperação da jovem e de seu pai, Alexandre Rangel, que também foi baleado.
Alexandre, mecânico autônomo, sofreu um tiro na mão esquerda e relatou que não está conseguindo trabalhar devido às condições físicas e emocionais. “Tomei um tiro na mão. Não estou em condições de trabalhar, e tem o motivo psicológico também”, desabafou em um vídeo compartilhado no Instagram da filha mais velha, Jéssica Rangel. Ele ainda destacou os gastos diários com alimentação e outros itens durante as visitas ao Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, onde Juliana está internada.
Apoio jurídico e situação financeira
De acordo com o advogado da família, Ademir Claudino, já foi solicitado ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) um benefício de auxílio por incapacidade temporária para Alexandre, que possui qualidade de segurado. Contudo, o pedido ainda está em análise.
“Estamos requerendo uma pensão provisória na Justiça Federal para atender às necessidades financeiras enquanto Alexandre e Juliana estiverem incapacitados”, explicou o advogado. Ele acrescentou que o pai de Juliana será submetido a uma nova avaliação médica para determinar a necessidade de cirurgia, informação que será incluída nos pedidos judiciais, caso necessário.
Juliana, que é agente de saúde no município de Belford Roxo, também teve o benefício de auxílio por incapacidade temporária requerido por seu advogado.
Pronunciamento da PRF
Em nota enviada à Agência Brasil, a PRF informou que oferece suporte psicológico e apoio logístico à família desde o ocorrido, por meio do Escritório Regional de Direitos Humanos. “A PRF permanece à disposição para avaliar qualquer nova solicitação de apoio, dentro dos limites legais”, afirmou o órgão.
Estado de saúde de Juliana
Juliana permanece internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Adão Pereira Nunes. Segundo o boletim médico mais recente, divulgado no dia 6, a jovem apresenta melhora contínua, está lúcida e recuperando gradualmente suas funções motoras e cognitivas. Apesar do progresso, ela ainda respira com ajuda de uma traqueostomia, mas os médicos iniciaram o processo de retirada do suporte.
A família mantém a expectativa de que Juliana possa se comunicar normalmente em breve. “Ela está cada dia melhor, graças a Deus”, disse Jéssica Rangel, irmã da jovem.
Entenda o caso
O incidente ocorreu na Rodovia Washington Luís (BR-040), em Duque de Caxias, enquanto a família viajava no carro. Segundo Alexandre, que dirigia o veículo, não havia motivo para a abordagem a tiros. Ele também foi atingido, mas recebeu alta no dia 26 de dezembro.
O veículo da família, onde estavam cinco pessoas, ficou crivado de balas. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal (MPF). Os três agentes da PRF envolvidos foram afastados de atividades operacionais enquanto a apuração é realizada.
O ocorrido aconteceu poucas horas após a publicação de um decreto federal que regulamenta o uso da força em operações policiais, determinando que armas de fogo devem ser utilizadas apenas como último recurso.
Relembre outro caso semelhante
Em setembro de 2023, uma abordagem policial da PRF na Rodovia Raphael de Almeida Magalhães, em Seropédica, resultou na morte da menina Heloísa dos Santos Silva, de apenas 3 anos. Assim como no caso de Juliana, o carro da família foi alvo de tiros enquanto estava em movimento.