Percorrer os 192 km que separam Campo Grande e Água Clara é vivenciar a crise climática que atinge Mato Grosso do Sul. O trecho da BR-262 é cenário da devastação dos incêndios florestais e suas consequências: animais mortos, grandes trechos queimados e muita fumaça. Por alguns quilômetros é até difícil enxergar as margens da rodovia.
O Jornal Midiamax percorre o trecho na manhã desta sexta-feira (13), para apurar o impacto das chamas no interior de Mato Grosso do Sul. Água Clara tem clima peculiar e lidera, quase que diariamente, os rankings de altas temperaturas e baixa umidade. Nesta semana, por exemplo, o município chegou a 40°C com umidade de 10%.
Conforme o Corpo de Bombeiros, desde o sábado (6), incêndios atingem florestas de eucaliptos na região de Água Clara. Ao todo, 10 militares atuam na região com apoio de brigadistas das fazendas de eucaliptos, com apoio de helicópteros.
Consequências na saúde da população
A população de Água Clara, assim como de boa parte do país, tem sofrido com os efeitos da fumaça. Aliado ao calor extremo e a baixa umidade relativa do ar, houve aumento significativo de pessoas com sintomas respiratórios buscando atendimento nas unidades de saúde do município.
O médico da UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família), Gustavo Senra Masuko, afirma que os principais sintomas dos pacientes são de tosse seca, dificuldade para respirar e mal-estar, devido ao calor extremo e fumaça no ar.
Crianças são as mais atingidas, principalmente as que têm comorbidades. “A qualidade do ar ajuda a aumentar as doenças respiratórias, que já estavam controladas”. A maioria dos casos são leves. Cerca de 200 atendimentos por dia e até 40% dos pacientes com esses sintomas respiratórios.
Além disso, as gastroenterites têm contribuído para o aumento da demanda nas unidades de saúde. Funcionário de uma farmácia no município confirma aumento na busca por antialérgicos e medicamentos de hidratação.