A influência do passado dos candidatos nas escolhas eleitorais e a importância de uma avaliação consciente sobre condutas e valores
Às vésperas das eleições municipais, um tema urgente e necessário está constantemente em pauta: a violência contra a mulher cometida por figuras públicas. À medida que o Brasil avança na conscientização sobre os direitos das mulheres, é crucial que o eleitorado esteja ciente do passado dos candidatos, especialmente quando esses envolvem comportamentos que ferem a integridade física e psicológica de outras pessoas.
“No Brasil, a violência contra a mulher é um crime previsto na Lei Maria da Penha, e nenhuma pessoa, independentemente de sua posição ou visibilidade pública, está acima da lei. As mulheres têm o direito de viver sem medo de agressão, seja ela física ou verbal”, explica Lucas Costa (@escritorioparamaes no Instagram), advogado especialista em Direito de Família.
Contexto atual e casos recentes
O assunto está em alta principalmente entre candidatos a prefeitura da maior cidade do País. Durante os debates eleitorais em São Paulo, o atual prefeito Ricardo Nunes foi questionado sobre uma acusação de agressão contra sua esposa. O caso, que resultou em um boletim de ocorrência na época, ainda ressoa na memória do público, especialmente quando o prefeito não negou diretamente as acusações durante o debate. Esse episódio reacendeu a discussão sobre a importância de avaliar não apenas as promessas de campanha dos candidatos, mas também suas condutas pessoais.
Além disso, Pablo Marçal, outro candidato à prefeitura, acusou Guilherme Boulos de uso de drogas, sem apresentar provas, durante um debate acalorado. Embora a discussão tenha tomado um rumo mais voltado para ataques pessoais, ela levanta questões importantes sobre o caráter dos candidatos e o impacto de seus comportamentos passados na confiança do eleitorado.
A importância da conscientização e da denúncia
“É fundamental que todas as mulheres saibam que podem e devem denunciar qualquer tipo de agressão. As vítimas têm à sua disposição a Lei Maria da Penha, que oferece proteção e mecanismos de denúncia, como a Delegacia da Mulher e o Disque 180”, explica Lucas Costa. “Não importa quem seja o agressor — um político, uma pessoa pública, ou um cidadão comum —, a violência contra a mulher é um crime grave e deve ser tratada como tal.”
Costa também enfatiza que o processo de denúncia é essencial para garantir que os agressores sejam responsabilizados. “A impunidade não pode ser tolerada. As mulheres que sofrem qualquer tipo de violência precisam saber que têm suporte jurídico e que a lei está do lado delas.”
Outros casos que marcaram a política brasileira
A violência contra a mulher não é uma novidade na história política do Brasil. Entre os exemplos recentes mais conhecidos está o do ex-presidente Jair Bolsonaro, que em 2003, durante uma discussão no plenário, afirmou que não estupraria a deputada Maria do Rosário porque ela “não merecia”.
Outro exemplo é o do ex-deputado Arthur do Val, que teve sua carreira política encerrada após fazer comentários sobre mulheres ucranianas. Fernando Cury, deputado estadual de São Paulo, foi outro político que enfrentou severas críticas e processos por assédio sexual contra a deputada Isa Penna, quando foi flagrado passando a mão em seu corpo sem consentimento durante uma sessão na Assembleia Legislativa. “Esses casos mostram que a violência contra a mulher é um problema que precisa ser combatido em todas as esferas, incluindo a política”, afirma Lucas Costa. “Eleitores devem estar cientes do histórico de seus candidatos e considerar a seriedade dessas questões ao escolher seus representantes.”