Após um período de queda nos preços, a carne bovina registrou alta novamente nos últimos meses. Entre setembro e outubro de 2024, os valores voltaram a subir, impulsionados pela escassez de oferta e aumento na demanda. No acumulado de 12 meses até outubro, o preço das carnes subiu, em média, 8%, com cortes como patinho, acém e contrafilé apresentando aumentos significativos.
Fatores que explicam a alta nos preços da carne bovina:
- Ciclo Pecuário e Oferta Limitada
O ciclo da pecuária está em uma fase de contração. Após um longo período de abates elevados, a quantidade de gado disponível para o mercado começou a cair. A retenção de fêmeas para reprodução, devido à expectativa de preços mais altos no futuro, resultou em menos bois para abate. O aumento no preço do bezerro, que subiu 22% entre julho e novembro de 2024, é um reflexo dessa diminuição na oferta de gado, o que deverá manter os preços elevados até 2026, quando o ciclo de produção de carne será mais limitado. - Efeitos Climáticos e Diminuição da Pastagem
As secas intensas e as queimadas, especialmente entre junho e setembro, impactaram fortemente a produção de pasto, alimento básico para o gado. Com menos pastagem disponível, muitos pecuaristas não investiram no confinamento de gado, o que gerou uma oferta reduzida de boi gordo. Esse cenário de escassez se reflete diretamente no aumento dos preços da carne. - Exportações e Demanda Global
O Brasil, maior exportador mundial de carne bovina, está superando recordes de vendas externas. Com países como Austrália e Estados Unidos enfrentando dificuldades em abastecer o mercado global, o Brasil tem aproveitado a oportunidade para aumentar suas exportações. Isso tem um impacto no mercado interno, já que uma parte significativa da produção é destinada ao exterior, o que reduz a oferta disponível no Brasil e contribui para o aumento dos preços, especialmente nas regiões com foco exportador. - Aquecimento da Demanda Interna
No cenário doméstico, a recuperação econômica, com a queda do desemprego e aumento da renda, estimulou o consumo de carne bovina. A valorização do salário mínimo e o pagamento de benefícios sociais, como o 13º salário, têm impulsionado as compras de alimentos, especialmente carnes, em um momento de aumento das festividades de fim de ano. Esse crescimento no poder aquisitivo da população também exerce pressão sobre os preços, mantendo-os elevados.
Perspectivas para o Futuro
A previsão é de que o preço da carne bovina continue alto, principalmente até 2026, devido à menor oferta de gado para abate. Com a escassez de bezerros e a necessidade de tempo para que novos animais se tornem adultos prontos para o abate, o mercado deve seguir com preços elevados por alguns anos.
