Ponta Porã – Festival de Cinema promove intercâmbio inédito com o Paraguai

Festival de Cinema Um País Chamado Fronteira começa nesta sexta-feira (29), em Ponta Porã (Brasil) e Pedro Juan Caballero (Paraguai), com uma intensa programação e a promoção de um intercâmbio inédito entre realizadores e gestores do cinema dos dois países.

As atividades têm início às 9h, no Auditório da Prefeitura de Ponta Porã, com a participação representantes dos Governos Federal, Estadual e Municipal do Brasil – entre eles o Ministério do Planejamento e Orçamento, a Fundação de Cultura de MS por meio da Film Commission, a Funcesp de Ponta Porã e a UFMS. Do lado paraguaio estarão presentes o Instituto Nacional del Audiovisual Paraguayo (INAP), Associação de Guionistas e Dramaturgos – Kuatia, representante de la UAP, Representante del Consejo Nacional del Audiovisual e outras entidades ligadas ao setor audiovisual.

Às 19h acontece a abertura oficial do festival, com homenagens do Brasil ao ator e diretor David Cardoso, o cartazista fronteiriço Germano Moura e o escritor Brígido Ibanhes, que inspira o nome do festival e  do Paraguai serão lembrados, in memoriam, os atores Jesús Pérez e Ana Ivanova, além do projeto Cine Paraguaio realizado pelo Consulado do Paraguai no Brasil.

No sábado (30), a programação inclui uma tradicional Passarinhada no Parque dos Ervais, organizada pelo Instituto Mamede e pela Universidade Federal do Tocantins, unindo natureza, cinema e consciência ambiental. Haverá também oficina de atuação com o renomado ator paraguaio Celso Franco (protagonista do filme 7 Caixas) e exibições, entre elas o longa Cainguange – A Pontaria do Diabo (Brasil).

No domingo (31), a programação começa às 14h com a exibição do curta “Por Un Segundo”, de Rodney Muller (Mbarete Producciones, Pedro Juan Caballero), que aborda o tema da sustentabilidade. Às 18h, será exibida a comédia Charlotte (Lemon Cine, Assunção – Paraguai). No encerramento, destaque para o lançamento do documentário Skate: Transformando Vidas, de Carlos Wagner (projeto contemplado com recursos do PNAB). A noite também contará com a exibição dos curtas “A Noiva do Castelino” e “Trilha para o Futuro”, produzidos por alunos das Oficinas de Cinema Ponta Porã em Imagens e Sons (Lei Paulo Gustavo), além da Mostra IFMS – Campus Ponta Porã, que premiará os melhores curtas dos estudantes.

Todas as noites, o público ainda poderá aproveitar o Bar do Festival “La Máfia”, com música e sessões especiais: na sexta (29), o documentário paraguaio “Sobrevive la Música”, de Luís Bogado; e, no sábado (30), o documentário “Barulho do Mato”, de Lucas Arruda e Mariana Sena.

pré-festival realizado de 18 a 28 de agosto  alcançou mais de 2 mil estudantes das escolas públicas com sessões realizadas pelos Cineclubes Itinerante Ponta Porã, IFMS e Clube de Imprensa, além das sessões gratuitas para público escolar no Circuito de Cinema, muitas crianças pelas primeira vez estiveram em uma sala de cinema, sendo nessa ação alcançando cerca de 500 estudantes. 

Toda a programação é gratuita e o  festival acontece graças a parceria da Prefeitura de Ponta Porã com a Sonhares Filmes, com apoio do Circuito Cultural Guarani, IFMS-Ponta Porã, Cine Clube CIPP, Cine Clube Itinerante Ponta Porã, La Máfia, Cine Clube IFMS-Ponta Porã, Consulado do Paraguai em Ponta Porã, Circuito de Cinema em Ponta Porã: Zarah Home, Padaria Pão de Mel, Ótica Diniz, Felips Burger, Esfiha de Ponta, Urban 66, CTJ Casa das Rações, Mobile Decor e Budegas Bar.

Mais informações podem ser acompanhadas na página oficial do Festival Um País Chamado Fronteira no Instagram  @umpaischamadofronteira 

Sobre os homenageados:

David Cardoso, nascido em Maracaju (MS), é um dos nomes centrais do cinema popular brasileiro. Ator, diretor e produtor, destacou-se a partir dos anos 1970 como galã e, depois, como figura de referência da pornochanchada, gênero que garantiu enorme público às salas nacionais. Sua carreira inclui sucessos de bilheteria como 19 Mulheres e um Homem, que ultrapassou um milhão de espectadores, consolidando-o como fenômeno popular. Além do erotismo, investiu em filmes de ação e dramas com viés social. Como produtor e diretor, foi um dos responsáveis por sustentar a indústria cinematográfica nacional em momentos de crise, especialmente ao investir em filmes de baixo custo, mas de grande bilheteria, que ajudaram a manter salas de cinema ativas no Brasil. Sua atuação não se limitou ao erotismo: também explorou temas sociais e políticos, traduzidos em narrativas acessíveis ao grande público.

Projeto Cine Paraguaio teve início em 2024 , exibindo um filme por semana todo mês de abril, com continuidade em 2025 realizado pelo Consulado Paraguai e recebe justa homenagem nesse festival pois fortalece os laços fronteiriços  culturais nesse país chamado fronteira.

Brígido Ibanhes que nasceu em Bela Vista, é uma das vozes mais representativas da literatura fronteiriça. Sua obra traz à tona a riqueza cultural, linguística e identitária de um território que ele enxerga como um verdadeiro país: a fronteira entre Brasil e Paraguai. Ao batizar o Festival com sua referência conceitual, presta-se uma justa homenagem a um autor que soube transformar em literatura as vivências, memórias e singularidades desse espaço híbrido e cheio de simbolismos. A fronteira, para Ibanhes, não é apenas um limite geográfico, mas um território de pertencimento, de imaginação e de criação. Sua literatura revela o caráter universal de uma região singular, ao mesmo tempo marcada pelo trânsito de pessoas, pela diversidade cultural e pelo sentimento de identidade compartilhada. Dessa forma, sua obra resguarda e celebra a memória coletiva da fronteira, fortalecendo a compreensão de que este espaço, tantas vezes visto como periférico, é na verdade um centro pulsante de histórias e culturas.

Germano Moura conhecido como GERPA é artista plástico da fronteira Ponta Porã/Pedro Juan Caballero e um dos últimos representantes da geração de decoradores cinematográficos. Desde os anos 1970, antes da chegada das gráficas, foi ele quem deu vida às fachadas dos cinemas de rua, pintando à mão os grandes cartazes que anunciavam os filmes. Seu trabalho acompanhava o ritmo das estreias: quando um título saía de cartaz, o painel era coberto de tinta branca e recebia novas imagens, num ciclo constante de criação efêmera que marcou a memória cultural da região.

Além dos cinemas, GERPA também deixou sua arte em murais de bairros populares, como o Guarani, sempre valorizando o cotidiano e a identidade fronteiriça. Reconhecido como referência cultural, projetou a arte local para além da fronteira, participando inclusive da Bienal de São Paulo. Sua trajetória preserva uma memória viva de um tempo em que o cinema era espetáculo de rua e a pintura era a vitrine da sétima arte.

Ana Ivanova foi uma atriz, docente, gestora cultural e socióloga paraguaia, formada pela Escola Municipal de Arte Dramática de Assunção. Sua carreira transbordou talento e engajamento: além das telas, atuou como professora de teatro, promotora de oficinas em regiões do interior do Paraguai e colaboradora ativa em projetos culturais nacionais.

No cinema, destacou-se sobretudo por seu papel em Las Herederas (2018) , sendo premiada como Melhor Atriz no prestigioso Festival Internacional de Cinema de Gramado, no Brasil.

Além disso, sua carreira incluiu participações em vários curtas-metragens premiados — como Vida reciclada (2015) e Recoleta (2016) — pelos quais também recebeu prêmios de atuação Estima-se que tenha participado de mais de 7 longas-metragens e mais de 40 curtas-metragens ao longo de sua carreira.

Após seu falecimento, Ana Ivanova recebeu importantes homenagens: o Congresso Nacional do Paraguai concedeu-lhe postumamente o título de Mestre das Artes, numa das mais altas distinções artísticas do país. 

Jesús Pérez ator e diretor teve uma  trajetória marcante nas artes cênicas e no audiovisual do Paraguai. Figura querida do teatro, iniciou sua carreira em 1977, na peça Espíritu burlón, com o grupo Gente de Teatro, e desde então compartilhou o palco com diferentes gerações de artistas, deixando uma contribuição profunda à cultura nacional.

Além do teatro, também atuou na televisão, em produções como Sombras en la noche, González vs. Bonetti e La Chuchi, e no cinema, em obras como Lectura según Justino. Seu talento atravessou fronteiras, chegando a se apresentar na Argentina e nos Estados Unidos.

Pérez foi reconhecido com importantes prêmios, entre eles o da Revista Cartelera de Melhor Ator de Teatro (1993 e 1994) e o Prêmio Molière de Melhor Ator de Teatro (1995). Mestre de inglês e ator por vocação, é lembrado como uma personalidade generosa e inspiradora, cuja arte permanece viva na memória da cena cultural paraguaia.

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