Mesmo hospitalizada, uma mulher de 31 anos, vítima de um ataque brutal a facadas pelo ex-marido em Sertãozinho (SP), conseguiu prestar depoimento à polícia na última quinta-feira (19). Gerlane Talita Silva de Medeiros sofreu ao menos dez golpes de faca, mas, segundo informações médicas, encontra-se em estado estável e fora de perigo.
O agressor, identificado como Ednaldo dos Santos Ananias, de 41 anos, permanece foragido. A delegada responsável pelo caso, Raphaela Sanches Corrêa, afirmou que a vítima já vinha sendo ameaçada pelo ex-companheiro, mas não chegou a registrar boletim de ocorrência.
Histórico de relacionamento conturbado
Em seu depoimento, Gerlane relatou ter convivido com Ednaldo em união estável por oito anos. Durante esse período, o homem se mostrou possessivo e agressivo, comportamento que gerava constante tensão no relacionamento. Apesar disso, a vítima revelou que nunca buscou ajuda policial por acreditar que, sem provas concretas ou testemunhas, não teria como formalizar uma denúncia.
“Ela nos contou que recebia ameaças frequentes, mas acreditava que, sem uma mensagem ou testemunha, não poderia acionar as autoridades”, explicou a delegada Raphaela.
Ataque violento
O crime ocorreu por volta das 6h, quando Gerlane esperava o ônibus ao lado do atual companheiro, no Jardim Santa Rosa II. Segundo o relato, Ednaldo apareceu de surpresa e inicialmente tentou atacar o namorado da vítima, que conseguiu escapar. Logo em seguida, ele partiu para cima de Gerlane, desferindo golpes nas costas, braço, orelha, pescoço e peito.
Testemunhas que passavam pelo local acionaram o socorro, enquanto o agressor fugia. A polícia informou que Ednaldo tem antecedentes criminais por tráfico de drogas e agora é procurado também por tentativa de feminicídio.
Ameaças via mensagens
Gerlane iniciou um novo relacionamento há dois meses, o que, segundo ela, foi o estopim para o comportamento agressivo do ex-marido. Ela contou que Ednaldo começou a enviar mensagens com ameaças, mas apagava o conteúdo logo após enviá-lo, o que a fez acreditar que não poderia denunciá-lo.
“Ela achava que a ausência de provas como mensagens ou testemunhas a impediria de buscar ajuda. No entanto, é importante reforçar que o relato da vítima, por si só, é suficiente para abrir uma investigação e solicitar medidas protetivas”, destacou a delegada.
Alerta sobre a importância de denunciar
A delegada Raphaela reforçou a importância de as mulheres em situação de risco denunciarem, mesmo sem provas materiais. “A palavra da vítima é válida e pode evitar que situações graves cheguem a esse ponto. Medidas protetivas existem justamente para proteger mulheres que enfrentam ameaças ou agressões.”
O caso segue sendo investigado, e buscas estão sendo realizadas para localizar Ednaldo. A Polícia Civil destacou que informações que possam levar ao paradeiro do suspeito podem ser repassadas anonimamente por meio do Disque Denúncia.