Karina Corim. Vanessa Ricarte. Juliana Domingues. Mirielle dos Santos. Emiliana Mendes. Gisele Cristina Oliskowiski. Alessandra da Silva Arruda. Ivone Barbosa. Thácia Paula. Simone da Silva. Olizandra Vera Cano. Graciane de Sousa Silva. Vanessa Eugênia Medeiros. Sophie Eugênia Borges. Eliana Guanes. Doralice da Silva. Rose Antonia de Paula. Michely Rios Midon Orue. Juliete Vieira. Cinira de Brito. Salvadora Pereira. Letícia Ananias de Jesus. Dahiana Ferreira Bobadilla. Érica Regina Mota. Emanuelly Victoria Souza Moura. Dayane Garcia. Iracema Rosa da Silva. Ana Taniely Gonzaga de Lima. Gisele da Silva Cylis Saochine. Erivelte Barbosa Lima de Souza. Andrea Ferreira.
Dar nomes ao feminicídio é uma forma de visibilizar um cenário alarmante: Mato Grosso do Sul convive com violências cotidianas contra as mulheres, o que resulta em um destaque perverso. Trata-se do estado com o segundo maior percentual de feminicídios no ano de 2024, conforme o Monitor da Violência contra a Mulher, desenvolvido pelo Tribunal de Justiça e pela Secretaria Estadual de Segurança Pública.
As 31 mulheres que abrem este texto foram assassinadas por parceiros ou ex-parceiros, por familiares ou desconhecidos, estupradas, esganadas, espancadas, mutiladas, negligenciadas, violentadas por instituições públicas e invisibilizadas. Tudo isso em Mato Grosso do Sul, e no ano de 2025.
Entre elas Vanessa Ricarte, assessora de Comunicação do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS), morta a facadas, dentro de casa, no dia 12 de fevereiro, pelo noivo Caio Nascimento Pereira. Foi em homenagem a ela, que se tornou símbolo da luta contra o feminicídio, e a todas as outras mulheres vítimas de um desfecho permeado por um histórico de violências, que o MPT-MS realizou, nesta terça-feira (14), o ato #JustiçaporVanessa.
Com 31 balões vermelhos, simbolizando cada vítima do feminicídio e da violência de gênero, e cartazes em homenagem a estas mulheres, membros e servidores do MPT, que puderam partilhar a rotina de trabalho com Vanessa, amigos e familiares, estiveram reunidos na sede da instituição, em Campo Grande, para pedir justiça.
Banco Vermelho – O ato também marcou a chegada do banco vermelho, símbolo internacional de conscientização e combate à violência de gênero, ao MPT-MS. O banco representa um convite para sentar-se, refletir, levantar e agir. A cor vermelha simboliza o sangue derramado
Esta não é a primeira vez que a instituição perde uma das suas para o feminicídio. Em 2018, Katiuscia Arguelho dos Santos, que trabalhava como copeira, foi assassinada aos 31 anos com 18 facadas pelo marido, Bruno Mendes de Oliveira, que não aceitava o fim do relacionamento.
“O feminicídio não é um problema só das vítimas, das famílias destas 31 mulheres e de todas as que vieram antes delas. Este é um problema de toda a sociedade que não conseguiu, efetivamente, evitar a letalidade. Estamos aqui hoje para fazer este alerta e trazer à tona o debate sobre a violência de gênero”, disse a procuradora-chefe do MPT-MS, Cândice Gabriela Arosio.
Irmão de Vanessa, Walker Diógenes, afirmou que violência de gênero tem raízes profundas, que precisam ser desvendadas. “O meu apelo é para que nós tivéssemos punições mais severas com relação a esses crimes, para que desencorajasse os agressores de atentar contra a vida dessas mulheres. Que se faça um estudo da origem desses crimes, para descobrirmos por que ocorrem tantos feminicídios, para que se chegue à raiz do problema. Será que é na criação dos filhos, na escola, na internet no sistema de leis que é brando?”, indagou.

Mãe de Vanessa, Maria Madalena endossou ato no MPT
Coordenadora da Procuradoria Especial da Mulher “Jornalista Vanessa Ricarte” da Câmara Municipal de Campo Grande, a vereadora Luiza Ribeiro, autora do projeto de lei que trouxe o banco vermelho à capital, também esteve presente no ato, além do superintendente regional da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Aguinaldo Moraes Dias, parceira da iniciativa.
O banco vermelho permanece no MPT-MS até quinta-feira (16). Nos próximos dias, passa pelas sedes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Instituto Federal de Mato Grosso do Sul; Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; Instituto Mirim de Campo Grande; Casa da Mulher Brasileira; Superintendência do Patrimônio da União e Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, levando palavras de reflexão e informações sobre os canais disponíveis para denúncia.
Monitor da Violência Contra Mulher – Dados do Monitor da Violência Contra Mulher demonstram que, em dez anos, 208 mulheres foram mortas dentro de casa, evidenciando que o local que deveria representar proteção torna-se cenário de violência letal. A maioria dos crimes foi cometida por cônjuges e companheiros, seguida por filhos, namorados e outros parentes próximos, o que reforça o caráter intimista do feminicídio e a permanência de relações abusivas e violentas.
Os dados do Monitor também permitem observar a busca crescente por proteção judicial. O número de medidas protetivas de urgência concedidas no Estado mais que dobrou em dez anos, saltando de 5.815 em 2015 para 14.812 em 2024. Em 2025, já foram registradas 10.451 medidas concedidas até o momento.
Denuncie – Denunciar é uma das principais formas de interromper o ciclo de violência. Casos de agressão podem ser comunicados pelo número 190 (Polícia Militar), em situações de emergência, e pela Central de Atendimento à Mulher, no 180.
O Estado também oferece um canal on-line para solicitação de medidas protetivas e registro de ocorrências, sem necessidade de deslocamento até uma delegacia. Basta acessar sistemas.tjms.jus.br/medidaprotetiva

Banco Vermelho, símbolo internacional da luta contra o feminicídio