Cinco meses após a morte do empresário Henrique da Silva Chagas por causa de um peeling de fenol em São Paulo, a mãe da vítima aguarda a Justiça decidir sobre o pedido para que a dona da clínica pague indenização de mais de R$ 1,4 milhão.
A ação indenizatória por danos materiais e morais foi ajuizada em 4 de setembro pelo advogado Celso Augusto Hentscholek Valente, que defende os interesses de Edna Maria Rodrigues da Silva. O filho dela morreu em 3 de junho, durante um tratamento no rosto na clínica de beleza. De acordo com laudo do Instituto Médico Legal (IML), a morte do foi provocada pela inalação do fenol, que é um produto tóxico.
Nesta semana, outro caso envolvendo a busca pela beleza terminou em morte em São Paulo e repercutiu nas redes sociais e na imprensa. Uma mulher morreu na terça-feira (26) após passar mal durante uma hidrolipo em uma clínica estética.
O fenol que matou Henrique é um produto químico usado para escamar a pele, fazendo com que ela rejuvenesça depois. Mas dependendo da quantidade e de como é usado pode provocar taquicardia e riscos à saúde. De acordo com o laudo, a vítima teve parada cardiorrespiratória provocada por edema pulmonar agudo.
Natalia Fabiana de Freitas Antonio, ou Natalia Becker, como a influenciadora digital e empresária se apresentava, foi quem aplicou o fenol em Henrique. Ela ainda dizia ser esteticista, mas não tem registro profissional na Associação Nacional dos Esteticistas e Cosmetólogos (Anesco).
O produto foi aplicado no Studio Natalia Becker, na Zona Sul da capital paulista, de propriedade dela e do marido, Jorge Macedo da Cunha, seu sócio. Tanto ela quanto ele são citados na ação como responsáveis pelo espaço.
Mãe dependia do filho
Henrique tinha um pet shop em Pirassununga, interior paulista. Edna ainda mora na mesma cidade. Segundo seu advogado, ela dependia financeiramente do filho, que lucrava cerca de R$ 15 mil atendendo cães e gatos de clientes na cidade.
“Essa ação busca uma reparação moral da mãe pela perda violenta do filho e material, que são os gastos que ela teve com velório, falecimento, enterro e etc. O processo está em andamento e aguarda ainda o pronunciamento do juiz”, disse Celso Valente .
O pedido de indenização será julgado pelo juiz Edson José de Araújo Junior, do Fórum de Pirassununga. Apesar de ainda não ter decidido sobre o valor de R$ 1.412.000 proposto na ação, o magistrado já determinou que Natalia pague a Edna uma pensão. Ela foi fixada no valor de dois salários mínimos, algo em torno de R$ 3 mil, enquanto o caso não é julgado.
“A tutela antecipada fixou em dois salários mínimos a pensão e não a ação. A ré não pagou até esta data nenhuma pensão”, falou o advogado de Edna.
Dona de clínica é ré em processos
Além de ser ré na esfera cível da Justiça, Natalia é ré também na esfera criminal. Ela é acusada por homicídio doloso por dolo eventual qualificado por motivo torpe, ao assumir o risco de matar Henrique durante a aplicação do fenol. Esse processo corre na capital paulista.