contraventor Rogério de Andrade, conhecido como um dos maiores nomes do jogo do bicho no Rio e patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, foi transferido, nesta terça-feira (12), para o Presídio Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, atendendo a uma ordem da 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A transferência ocorreu após ele deixar a Penitenciária de Segurança Máxima Laércio Pellegrino, em Bangu 1, pela manhã.
Rogério foi preso no mês passado durante a Operação Último Ato, uma ação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio. Ele é acusado de ser o mandante do assassinato de seu rival, Fernando de Miranda Iggnácio, ocorrido em 2020.
A escolta de Rogério foi feita por quatro viaturas do Serviço de Operações Especiais (SOE), responsável pela segurança de presos de alta periculosidade, que o conduziram até a Base Aérea do Galeão. Lá, um avião da Polícia Federal o aguardava para a transferência para o Centro-Oeste do Brasil.
O Tribunal de Justiça do Rio confirmou a transferência de Rogério para o presídio federal no dia 6 de novembro, após um acordo com a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), vinculada ao Ministério da Justiça. No novo presídio, ele ficará no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
Em outubro, o TJRJ negou dois pedidos de habeas corpus apresentados por sua defesa. O primeiro pedia a revogação de sua prisão preventiva, e o segundo contestava a inclusão de Rogério no RDD. Ambos foram rejeitados pela desembargadora Elizabete Alves de Aguiar.
Rivalidade e Guerra Familiar
A história de Rogério Andrade está marcada por disputas sangrentas dentro da família do jogo do bicho. Ele é sobrinho de Castor de Andrade, um dos mais poderosos bicheiros do Rio, e que faleceu em 1997. Após a morte de Castor, Fernando Iggnácio, seu genro, assumiu o controle do império do jogo, mas Rogério entrou em conflito com Iggnácio no final dos anos 1990, ao começar a expandir seus próprios negócios de caça-níqueis. Isso gerou uma guerra entre os dois, que resultou em dezenas de assassinatos, vítimas de uma disputa pela liderança do jogo do bicho na cidade.
Envolvimento com o Assassinato de Iggnácio
Em março de 2021, o Ministério Público do Rio havia denunciado Rogério como mandante do homicídio de Fernando Iggnácio, mas a denúncia foi arquivada em fevereiro de 2022 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que alegou falta de provas. Entretanto, novas investigações apontaram que Rogério teria participado de uma série de execuções e ainda contou com a colaboração de um comparsa, Gilmar, que foi identificado como responsável por monitorar Iggnácio até o momento de sua morte.
Perda da Tornozeleira e Novo Processo
Em abril de 2023, Rogério teve sua tornozeleira eletrônica retirada, depois que o STF concedeu decisão favorável a ele. Desde 2022, ele cumpria prisão domiciliar, com vigilância eletrônica, após ser preso na Operação Calígula, que investigou um esquema de exploração ilegal de jogos de azar. A operação resultou em mais de 30 pessoas denunciadas e 14 presas, incluindo dois delegados de polícia.
Rogério foi apontado pelo Ministério Público como o chefe de uma organização criminosa envolvida em uma série de crimes, incluindo corrupção, homicídios, extorsão, lavagem de dinheiro e outros delitos. Seu filho, Gustavo, também figura como uma das lideranças do esquema, sendo chamado de “Príncipe Regente” da organização.
Defesa de Adriana Belém
A defesa de uma das pessoas envolvidas na Operação Calígula, a delegada Adriana Belém, negou qualquer envolvimento dela com atividades criminosas. Segundo seus advogados, ela nunca foi acusada formalmente de fazer parte da organização criminosa de Rogério Andrade e confiava na absolvição ao final do processo.