A arte como caminho de cuidado: adolescente encontra na pintura uma forma de expressão, autonomia e fortalecimento emocional durante a internação.

Durante os dois últimos períodos de internação da paciente Ana Clara Marques, 15 anos, no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS/Ebserh), a equipe de Terapia Ocupacional e Psicologia desenvolveu uma série de atividades que revelaram o talento natural da adolescente para as artes. As ações foram conduzidas pela terapeuta ocupacional Eva Lúcia Nantes Sandim Garcia e pela psicóloga Patrícia Oliveira Borges Alves, integrando criatividade e cuidado clínico.
As atividades incluíram confecção de pulseiras, desenhos, pinturas em tela e pinturas faciais. Conforme os atendimentos avançavam, tornou-se evidente o quanto Ana Clara possuía facilidade para expressões artísticas e como esse processo impactava positivamente seu bem-estar. A jovem demonstrou melhora do humor, aumento da autoestima e maior abertura para comunicação.
A psicóloga Patrícia explica que a arte passou a ser parte essencial do acompanhamento.
“Propus que Ana Clara pintasse o próprio rosto, como uma tela em branco. Ela escolheu as cores e o desenho, e esse processo fortaleceu nosso vínculo terapêutico e abriu novas possibilidades para que expressasse seus sentimentos”, afirma.
Segundo ela, a adolescente passou a repetir a prática espontaneamente, transformando a pintura facial em um canal seguro de expressão emocional.
“Cada cor e cada traço mostravam algo importante do que ela sentia. A arte se tornou uma ferramenta de cuidado”, completa.
Para a terapeuta ocupacional Eva Lúcia, o processo ampliou habilidades e ressignificou a internação.
“A arte ajudou Ana Clara a desenvolver concentração, autonomia e motivação. Além dos benefícios terapêuticos, ela encontrou prazer e sentido no que produzia”, destaca.
A psicóloga convidou a artista plástica e muralista Luana Fumagalli para visitar a paciente e compartilhar sua trajetória profissional.
“Percebi nela uma criatividade autêntica. Conversamos sobre como a arte pode ser uma profissão e um caminho de vida. Ela tem potencial e brilho próprios”, afirma a artista.
Para Ana Clara, o impacto foi transformador.
“Descobri que a arte me ajuda a organizar meus sentimentos. Quando pinto, sinto que estou me expressando de verdade. Agora penso até em seguir isso como profissão”, relata.

A superintendente do Humap-UFMS/Ebserh, Andrea Linenberg, reforça o compromisso institucional com práticas humanizadas.
“No Humap-UFMS trabalhamos para garantir atenção integral e humana. Quando a equipe utiliza a expressão artística como recurso terapêutico, ampliamos o cuidado e fortalecemos o processo de recuperação. A história da Ana Clara é um exemplo real do impacto positivo que a atuação multiprofissional pode proporcionar”, afirma.
A experiência evidencia como a integração da arte ao cuidado em saúde pode contribuir para o enfrentamento de longos períodos de internação, oferecendo suporte emocional, estímulo à autonomia e novas perspectivas para o futuro dos pacientes.



