Após mais de cinco horas de tensões e tumultos, as autoridades sul-coreanas suspenderam temporariamente, nesta sexta-feira (3), a operação para prender o presidente destituído, Yoon Suk Yeol. A tentativa de cumprimento do mandado de prisão foi bloqueada por uma combinação de barreiras físicas formadas por soldados, seguranças presidenciais e uma multidão de apoiadores.
Yoon permanece no palácio presidencial em Seul, mesmo após ter sido afastado do cargo. A operação para detê-lo começou por volta das 8h, horário local, mas enfrentou obstáculos significativos. Inicialmente, as autoridades tiveram dificuldade em atravessar a barreira de manifestantes. Depois disso, foram impedidas pela segurança presidencial composta por cerca de 200 agentes e militares, segundo o Escritório de Investigação de Corrupção de Altos Funcionários (CIO).
Apesar do confronto entre as forças de segurança presidencial e os responsáveis por executar o mandado, nenhum armamento foi utilizado. Por razões de segurança, o CIO decidiu suspender a tentativa de prisão.
Mandado de prisão e acusações
O mandado contra Yoon Suk Yeol foi emitido em 31 de dezembro, após o ex-presidente se recusar a comparecer à Justiça para depoimentos. Ele é investigado por insurreição, devido à decretação de uma controversa lei marcial em dezembro, que restringiu direitos civis e gerou seu processo de impeachment.
Embora afastado, Yoon ainda é considerado presidente até que o Tribunal Constitucional tome uma decisão definitiva, o que pode levar até seis meses. Sua defesa classificou o mandado de prisão como ilegal, alegando que o CIO não tem jurisdição para investigar insurreição.
Resistência e manifestações
A segurança presidencial de Yoon já havia impedido o cumprimento de ordens judiciais anteriormente, como a execução de mandados de busca. Desta vez, a resistência se intensificou, gerando também a mobilização de mais de 1.000 apoiadores que protestaram do lado de fora da residência.
Os manifestantes, que chegaram a 11 mil pessoas ao longo do dia, celebraram a retirada das forças anticorrupção. Com bandeiras da Coreia do Sul e dos EUA, gritavam palavras de ordem e apoiavam Yoon.
Simultaneamente, grupos contrários ao ex-presidente, liderados pela Confederação Coreana de Sindicatos, organizaram um protesto exigindo sua prisão.
Próximos passos
A validade do mandado de prisão expira na próxima segunda-feira (6), permitindo que Yoon seja detido por até 48 horas para interrogatórios. As autoridades não informaram quando pretendem realizar uma nova tentativa de prisão.
Além disso, o Tribunal Constitucional agendou para 14 de janeiro a primeira sessão para decidir se Yoon será destituído de forma definitiva. Caso ele não compareça, uma segunda audiência está marcada para 16 de janeiro.
A crise política atual é inédita na Coreia do Sul, marcando a primeira vez na história do país que um presidente em exercício enfrenta um mandado de prisão.