Na primeira reunião, depois da realizar o 1º Congresso do Centro-Oeste de Proteção de Dados, Segurança da Informação e Inteligência Artificial, que foi um dia de imersão no tema proteção de dados, os membros da Comissão de Estudos e Acompanhamento da LGPD e Segurança da Informação da OAB/MS fizeram uma avaliação do evento, realizado pela OAB, Seccional Mato Grosso do Sul.
Do congresso participaram grandes nomes da área e renomados especialistas, como Arthur Pereira Sabbat, Diretor do Conselho Diretor da Autoridade Nacional de Proteção de Dados, que explicou quais os efeitos benéficos do congresso, já que se compartilhou tantas informações importantes.
Para Sabbat, o evento foi de extrema relevância para a população sul-mato-grossense porque faz parte de uma brilhante iniciativa de aculturação sobre dados pessoais, segurança da informação, uso de ferramentas de inteligência artificial e principalmente segurança cibernética.
“Esse congresso teve o condão de multiplicar conhecimento e motivar pessoas a propagar e disseminar os conceitos principais de proteção de dados, inteligência artificial e segurança da informação, que é o que interessa a toda população sul-mato-grossense, afetando inclusive o dia a dia em suas casas, e não apenas no trabalho”, disse.
Sendo uma das mais importantes autoridades nessa área, ele citou alguns dos problemas mais urgentes e mais constantes na atualidade, apontando que em órgãos públicos verifica-se uma vontade de se acelerar o processo de conformidade à lei e, no caso de entidades privadas, em âmbito nacional, é questão de convencimento da alta administração a importância da proteção dos dados pessoais.
“A proteção de dados é um direito coletivo. É muito importante que esse direito seja disponibilizado para o exercício dos titulares de dados pessoais, que somos todos nós. O cidadão precisa ter ainda mais cuidado com a chegada da inteligência artificial, das novas tecnologias, disponibilizadas livremente nas redes sociais. É preciso ter cuidados com os dados pessoais a quem se fornece, quando fornece e por que fornece – desde e-comerce até órgãos privados que trabalham, por exemplo, com planos de saúde, verificando se os pedidos de dados pessoais não estão sendo excessivos”, esclareceu.
Diante de toda a realidade esboçada no congresso, existe ainda luz no fim do túnel? No entender de Sabbat, é possível vislumbrar esperança na solução desses problemas e ele aponta que o processo de aculturação do cidadão brasileiro na proteção de dados é naturalmente lento, já que o Brasil é um país de dimensões continentais.
“Até as leis alcançarem os cidadãos que estão nos municípios mais distantes e que, por vezes, ficam menos informados do que aqueles que estão nos municípios mais centrais do país, em termos de localização geográfica, leva tempo. Foi assim com o Código de Trânsito, o Código de Defesa do Consumidor. Demora um pouco, mas vai chegar. Estamos adotando providências em termos de disseminação de conhecimento e, eventos como esse congresso são muito importantes para isso. É um passo a passo, não é de uma hora para outra, mas sabemos que chegaremos lá”.
Ao concluir, Sabbat contou que em seu trabalho diário utiliza sim a inteligência artificial como ferramenta de pesquisa, porém, tem o hábito de checar as informações porque a IA está programada para responder ao comando que se procura e nem sempre o resultado é verdadeiro.
“Sempre verifico as informações porque a IA está programada para atender o usuário, não importando se a resposta fornecida é verdadeira ou não, por isso, o que preocupa as grandes potências mundiais não é a tecnologia que automatiza, por exemplo, os eletrodomésticos, mas a disseminação de informações não verdadeiras, com resultados de proporções inimagináveis”.