Pai denuncia atraso em cesariana e deboche de médico após morte da bebê

C ampo Grande News -A gravidez de 36 semanas de Monique Oliveira Correa dos Santos, 37 anos, era acompanhada de perto por causa do diagnóstico de síndrome do anticorpo antifosfolipídeo, uma condição de risco monitorada em um hospital particular. Na sexta-feira, ela procurou atendimento na Maternidade Cândido Mariano, em Campo Grande, mas a situação terminou com a morte da filha Olivia, às 15h13.

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A declaração de óbito aponta “natimorto fetal” como causa básica, seguida de “descolamento de placenta” e “trombofilia”. O pai, Pedro Augusto Vieira dos Santos, 26 anos, não concorda com nenhuma das conclusões. Considera a morte como “negligência e descaso” no atendimento prestado à esposa.

Pedro cita o ultrassom realizado no dia 26 de novembro, que apresentou parâmetros dentro da normalidade.

O laudo descreveu gestação tópica, feto único em posição longitudinal e apresentação cefálica. Também registrou “movimentos fetais ativos” e batimentos cardíacos rítmicos de 150 bpm, líquidos amnióticos em volume adequado e placenta anterior, grau 2, sem anormalidades. O peso estimado era de 2.796 gramas e a estatura, de 50 centímetros. Para Pedro, esse exame comprova que “não havia nenhum indicativo de problema”.

Na noite do dia 27, Monique passou mal em casa, sentindo tontura, quase desmaio e dor abdominal intensa. Pedro conta que a levou imediatamente à maternidade. Ele relata que uma médica constatou batimentos cardíacos da bebê, mas “movimentação praticamente inexistente”, motivo pelo qual a gestante foi internada.

Ausência de explicações – Na manhã seguinte, por volta das 7h, um novo exame mostrou ausência total de movimentos fetais. A plantonista teria informado que a situação era grave e que precisava de “cesariana de emergência”. No entanto, segundo o pai, a autorização dependia do obstetra supervisor.

É nesse ponto que Pedro afirma que começaram os atrasos. Ele conta que a mesma médica retornou dizendo que, por decisão do obstetra, a cirurgia não seria realizada naquele momento, sendo autorizada apenas a ultrassonografia. O exame repetido por volta das 13h apresentou o mesmo quadro crítico. Até então, o pai diz que não havia recebido qualquer informação direta do médico responsável.

O boletim de ocorrência registrado por Pedro narra a primeira conversa entre ele e o obstetra. O homem afirma que o médico demonstrou postura “indiferente, ríspida e arrogante”. Ele diz ter ouvido a frase: “Você é médico? Por que quer me ensinar o que eu tenho que fazer?”. Durante a conversa, segundo o pai, o obstetra manuseava o celular “tratando de assuntos particulares”.

Monique, já na reta final da gestação, posa em casa enquanto aguardava a chegada da filha (Foto: Arquivo pessoal)

Por volta das 15h30, a equipe tentou novamente localizar os batimentos cardíacos. Um aparelho comum não detectou sinais. Um modelo mais específico registrou frequência entre 80 e 105 bpm. Uma enfermeira teria afirmado: “Agora tem que ir para cirurgia”. Mesmo assim, Pedro relata que o obstetra ordenou outra dose de glicose e orientou a aguardar mais tempo, decisão que o pai se recusou a aceitar. Ele afirma ter insistido no procedimento: “A situação já estava crítica”.

O boletim de ocorrência também registra outra fala atribuída ao médico: “Então você quer que eu faça? Eu vou fazer, mas esteja ciente de que ela pode morrer!” Minutos depois, de acordo com o pai, o tom do obstetra mudou repentinamente para: “Vai ser um parto muito bom”.

Cirurgia tardia – A cesariana começou às 15h40. Pedro acompanhou todo o procedimento. Ele relata que a bebê foi retirada “sem qualquer movimento” e levada pela pediatra. Segundo seu relato, os batimentos cardíacos teriam chegado a 69 bpm e depois caído para 35. Ele descreve que a equipe realizou manobras de reanimação, “incluindo massagem e adrenalina”, durante aproximadamente 30 minutos. Em alguns momentos, segundo o pai, os batimentos “retornaram por alguns segundos”.

Esses episódios são, para ele, incompatíveis com a classificação de “natimorto fetal” registrada no documento. Ele afirma que testemunhas viram “movimentos corporais”, intubação e registros no monitor cardíaco. Também questiona a menção a “descolamento de placenta” e “trombofilia” como causas subsequentes, alegando que “nenhum exame pré-natal apontou isso”.

hBebê conforto já montado no quarto preparado para receber a bebê Olivia (Foto: Arquivo pessoal)
Após a confirmação do óbito, Pedro afirma que o obstetra fez comentários que considera irônicos. Uma frase citada por ele foi: “Se tivesse operado antes… Mas fazer o quê? Acontece”. Em outro momento, conta ter ouvido: “Até que era bonitinha, né?”.

O pai ainda menciona falhas no acolhimento da maternidade. Ele relata que a esposa, “abalada e recém-operada”, foi colocada em frente a mães com recém-nascidos e que não conseguiu ver o corpo da filha até o dia seguinte. Ele afirma que só procurou a polícia depois que ambos já estavam em casa, dizendo que “teve medo do que poderia acontecer ali dentro”.

O corpo da bebê permaneceu na maternidade até o acionamento da pax, solicitado pela autoridade policial, para encaminhamento ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal). O pai afirma não ter recebido todos os documentos médicos e diz que a hora exata do óbito não consta no registro entregue, apenas o horário aproximado informado verbalmente.

Monique e Pedro registram um dos últimos momentos juntos antes da internação, ainda sorridentes e cheios de expectativa pela chegada da bebê Olivia (Foto: Arquivo pessoal)
No fim do relato, Pedro resume o sentimento da família ao dizer que vive “uma sensação de injustiça”. Ele afirma que a casa estava pronta para receber Olivia e que agora espera apenas explicações e responsabilização: “A gente só quer entender por que não prestaram assistência”.

O que diz a maternidade?

No fim do relato, Pedro resume o sentimento da família ao dizer que vive “uma sensação de injustiça”. Ele afirma que a casa estava pronta para receber Olivia e que agora espera apenas explicações e responsabilização: “A gente só quer entender por que não prestaram assistência”.

O que diz a maternidade?

A Maternidade Cândido Mariano esclarece que não é unidade de referência do SUS para gestação de alto risco. Mesmo assim, acolheu a paciente de 36 semanas que buscou atendimento com queixa de cólica e falta de ar. Após exame de cardiotocografia, ela foi internada às 08h50 para tratamento clínico e realização de ultrassom com doppler.

Segundo os relatórios, a paciente informou diminuição da movimentação fetal às 13h, sendo examinada pela enfermeira obstétrica. Às 14h40, foi avaliada pelo médico, que identificou alteração no batimento cardíaco fetal. Diante do quadro, a equipe decidiu pela cesárea, realizada às 15h15, mesmo sem jejum. O parto ocorreu às 15h39. A causa do óbito foi registrada como trombofilia e sofrimento fetal crônico…. veja mais em https://www.campograndenews.com.br/cidades/capital/pai-denuncia-atraso-em-cesariana-e-deboche-de-medico-apos-morte-da-bebe

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