Um mapeamento da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) de Mato Grosso do Sul, aliado aos dados do Censo 2022 do IBGE, mostra que as regiões de Campo Grande vivem realidades bastante distintas quando o assunto é segurança. Enquanto o Anhanduizinho concentra o maior número absoluto de ocorrências policiais, o Centro, mesmo sendo a região menos populosa da capital, apresenta índices que, proporcionalmente, o tornam uma das áreas mais vulneráveis.
Conforme o ‘Mapa da Criminalidade’, levantado pela Sejusp, o Anhanduizinho, maior região populacional de Campo Grande com 218 mil moradores, registrou 12.457 crimes entre agosto de 2023 e agosto de 2025. Ao todo foram 6.998 furtos, 927 roubos e 3.658 casos de violência doméstica.
Esses números absolutos o colocam no topo do ranking da criminalidade. No entanto, quando comparados à população, a proporção de ocorrências se dilui.
O índice de furtos, por exemplo, equivale a cerca de 32 casos por mil habitantes, enquanto no Centro, que tem apenas 61 mil moradores, os 6.704 furtos registrados no mesmo período representam cerca de 110 ocorrências por mil habitantes, mais do que o triplo.
Esse contraste mostra que a concentração de comércio e circulação de pessoas no Centro o torna especialmente vulnerável a crimes patrimoniais. A região também aparece como a segunda com maior total de ocorrências, 8.643, mesmo sendo a menos populosa da capital. É a área onde mais se sente a desproporção entre população e criminalidade.
As regiões de Bandeira e Lagoa, com populações próximas (136 mil e 135 mil, respectivamente), também apresentaram resultados semelhantes no período. Bandeira registrou 7.160 ocorrências, enquanto Lagoa somou 7.144.
Ambas ficam em posição intermediária no ranking absoluto, mas acima de Segredo (6.127 registros), mesmo com número de moradores semelhantes. Os dados sugerem que Lagoa e Bandeira convivem com uma taxa de criminalidade relativamente mais alta do que Segredo.
O Segredo, que concentra 128 mil habitantes, aparece com 6.127 ocorrências totais, destacando-se pelos 1.968 registros de violência doméstica, número próximo ao de regiões mais populosas como Lagoa e Imbirussu.
Na comparação das áreas com menos registros, Prosa e Imbirussu aparecem no fim da lista em números absolutos. Prosa registrou 4.943 crimes para uma população de 95 mil habitantes, enquanto Imbirussu teve 5.054 para 108 mil moradores.
Proporcionalmente, Prosa apresenta 52 ocorrências por mil habitantes, contra 46 do Imbirussi, o que indica maior vulnerabilidade relativa no Prosa. Cu seja, conforme os dados, o Imbirussu surge com os menores índices de criminalidade em Campo Grande.
Crimes violentos
Outro destaque é o comportamento dos crimes violentos. Anhanduizinho registrou 80 homicídios dolosos no período, oito vezes mais que Imbirussu, com 10 registros, apesar de ter o dobro da população. O dado reforça a gravidade da violência na maior região da capital.
Já nos casos de estupro, o Centro teve o menor número, com 82 casos, enquanto Anhanduizinho voltou novamente a liderar, com 289 registros.
Os números revelam que não há uma única “área mais perigosa” em Campo Grande, mas diferentes realidades. O Anhanduizinho concentra os maiores totais, especialmente em crimes letais e violência doméstica, enquanto o Centro, por ser a menor região em população, aparece como o mais vulnerável quando se observa a proporção de crimes por habitante.
Regiões como Bandeira e Lagoa ocupam posição intermediária, mas com índices elevados frente à sua população, enquanto Prosa e Imbirussu aparecem como as mais tranquilas em números absolutos, embora a comparação proporcional mostre que Prosa é relativamente mais exposta que o Imbirussu.