ourados (MS)- Com foco na transformação do cuidado oferecido pelo sistema público de saúde da Angola, o Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), gerido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), recebeu, nos últimos dois meses, três profissionais angolanos para iniciar a formação profissional em Enfermagem Obstétrica e Terapia Intensiva, por meio do Programa de Formação de Recursos Humanos em Saúde Brasil-Angola. Há, ainda, a previsão de chegada de mais dois colaboradores, totalizando cinco profissionais para o ano de 2025.
Dos três profissionais já integrados ao HU-UFGD, dois são médicos, que realizarão formação em Medicina Intensiva, e uma é enfermeira, que atuará na Enfermagem Obstétrica. Os demais colaboradores previstos são uma enfermeira, também na área de Enfermagem Obstétrica, e um farmacêutico, que ingressará na formação em Farmácia Clínica.
O chefe do Setor de Gestão do Ensino do HU-UFGD, Wesley Eduardo Ferreira, destacou a importância da iniciativa para todos os envolvidos. “Essa ação coloca o HU-UFGD e toda a equipe de preceptores no centro da formação internacional, conferindo visibilidade à instituição e enriquecendo a experiência de excelência na formação profissional em saúde, integrando práticas de cuidado. Além disso, permite aos profissionais angolanos uma vivência diferenciada e significativa, estimulando reflexões sobre a formação no Brasil e possibilitando a transferência dessa experiência para Angola, promovendo melhorias no cuidado em saúde”, afirmou.
Wesley acrescentou que, em 2024, o hospital já havia recebido 13 profissionais angolanos e, inclusive, foi agraciado em 2025 com uma menção honrosa do Ministério da Saúde de Angola. “Ficamos muito honrados com esse prêmio, pois reflete o compromisso dos colaboradores do HU-UFGD com uma formação prática e de qualidade. Foi uma surpresa que coroou nossos esforços. Levamos esse projeto muito a sério e temos certeza de que o HU-UFGD é uma ponte entre a UFGD, a Rede Ebserh e os Ministérios da Saúde do Brasil e de Angola”, destacou.
O gerente de Ensino e Pesquisa do HU/UFGD e professor de Psiquiatria e Ética Médica da UFGD, Thiago Pauluzi Justino, enfatizou que a experiência de formação dos profissionais angolanos tem sido extremamente valiosa para o desenvolvimento científico e humano de médicos e profissionais da saúde.
“‘Toda cultura é espelho e janela: ensina e amplia os conhecimentos’. O projeto ultrapassa os limites da capacitação individual, e se torna uma política pública de formação baseada na integração e vivência de cultura, baseada na ética, na responsabilidade social e no compromisso com o cuidado centrado no paciente. A troca é enriquecedora também para o próprio Hospital Universitário que os acolhe”, afirmou Thiago.
O gerente acrescentou que a presença dos Fellows amplia o olhar da instituição para diferentes realidades, estimula a reflexão sobre práticas locais e promove um ambiente de aprendizado mútuo. “Do ponto de vista de saúde pública vivemos problemas sanitários semelhantes com Angola como a presença de doenças infecciosas persistentes como a Tuberculose, HIV/SIDA e as arboviroses (dengue no Brasil e malária em Angola). Nos aspectos culturais gerais temos muita conexão e pontos em comum como o idioma, a musicalidade semelhante entre o semba e o samba, e a enorme paixão pelo futebol”, explicou.
Segundo Thiago, realizam, inclusive, um jogo de confraternização entre os fellows angolanos, preceptores, internos de Medicina e residentes do HU/UFGD. “O nosso Hospital busca sempre ter um olhar inclusivo e acolhedor ao pluralismo cultural e ao ser humano”, finalizou.
Programa de Formação de Recursos Humanos em Saúde Brasil – Angola
Coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação Internacional do Ministério das Relações Exteriores, o programa prevê que, ao todo, 38 mil profissionais angolanos passarão por treinamentos, especializações e capacitações no Brasil no período de cinco anos, iniciado em 2024, no Programa de Formação de Recursos Humanos em Saúde Brasil – Angola.
Para tanto, os hospitais da Rede Ebserh estão compartilhando suas expertises em ensino, inovação e assistência para ajudar o sistema de saúde dos africanos no enfrentamento de doenças infecciosas e epidemias, bem como de emergências sanitárias como a covid-19, o sarampo, a malária e dengue.
Para esse ano, foram 82 vagas ofertadas para seleção de profissionais e formação em 17 hospitais da Rede Ebserh, com preenchimento de 91,4% desse total. Desde 2024, já foram ofertadas 3.274 vagas em 25 unidades hospitalares vinculados à Rede Ebserh para que os participantes possam participar das atividades de qualificação em diversas modalidades como Fellowship, Mestrado, doutorado, MBA, capacitações e outras em cursos modalidade EAD/Híbrido/Presencial.