Quase dois anos depois da morte do jogador de futebol Hugo Vinícius Skulny Pedrosa, a Justiça de Sete Quedas determinou que cinco réus vão a julgamento, entre eles, a ex-namorada da vítima, Rúbia Joice de Oliver Luvisetto, 21 anos, o “ex-ficante” dela, Danilo Alves Vieira da Silva, de 29 anos. Segundo o site Campo Grande News, os dois vão responder por homicídio qualificado por emprego de meio cruel e ocultação de cadáver.
Porém, na sentença de pronúncia publicada ontem (9), o juiz Tulio Nader Chrysostomo desconsiderou as qualificadoras de motivação torpe e de recurso que dificultou a defesa da vítima por avaliar que não há provas suficientes que sustentassem a tese da acusação para estes fatos. Com isso, em caso de condenação, a pena imposta pode ser menor do que a pretendida pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).
Além de Rubia e Danilo, Cleiton Torres Vobeto, 22 anos, o “Maninho”, amigo da jovem, também irá responder por homicídio qualificado. Patrick Eduardo do Nascimento e Noemi Matos de Oliver, padrasto e mãe de Rubia, serão julgados pelo crime de fraude processual, denunciados por terem limpado a área do crime, tentando encobrir a participação de Rúbia no crime.
Segundo o juiz, a fraude processual neste caso está diretamente conectada ao homicídio e, por isso, o Tribunal de Júri é competente para julgamento de todos os crimes, conforme previsto no artigo 78 do Código de Processo Penal.
Qualificadoras – Segundo a investigação policial, Hugo e Rúbia tiveram relacionamento de idas e vindas, com várias brigas e discussões. Já estavam separados quando se encontraram em uma festa em Pindoty Porã, no lado paraguaio.
A morte aconteceu na madrugada de 25 de junho de 2023, em Sete Quedas, região de fronteira. Rúbia alega que já estava em casa, dormindo com Danilo, quando Hugo invadiu seu quarto, inconformado por tê-la visto ir embora da festa com o outro.
Na versão dela, tentou retirar o rapaz da casa, o empurrando na direção da saída. Neste momento, Danilo, teria atirado na cabeça do jogador. A jovem diz que foi obrigada a fazer o que ele mandava, como limpar a casa e emprestar o carro para retirada do corpo.
Cleiton, amigo de Rúbia, alega que estava dormindo em outro quarto, quando ouviu os disparos. Correu para sala e viu Hugo caído no chão, sangrando. Também diz que foi obrigado por Danilo, sob ameaça, a retirar o corpo e jogá-lo no rio.
Partes do corpo do jogador foram achadas nos dias subsequentes. A denúncia é que ele foi esquartejado no Sítio La Pancho, de propriedade da família de Danilo, na divisa de Sete Quedas com Tacuru.
Em audiências à Justiça, Danilo Alves confessou ter matado e esquartejado Hugo Skulny, mas alegou que agiu para defender Rúbia durante a briga, na casa da jovem. Também disse que andava armado por segurança e que é hábito comum na fronteira. Na versão dele, a ideia do esquartejamento partiu de Cleiton.
Com base na investigação, o MPMS havia denunciado os três por homicídio qualificado por motivo torpe, emprego de meio cruel e sem chance de defesa para a vítima.
Na sentença de pronúncia, o juiz relembrou a repercussão do crime, de “extrema gravidade” e que causou “perplexidade, tendo gerado grande comoção social”, com surgimento de várias “narrativas populares que surgiram sobre o crime”.