Clima extremo faz preço do café disparar: alta pode se estender até 2026

As intensas secas e temperaturas elevadas em 2024 impactaram severamente as lavouras de café no Brasil, principal produtor mundial da bebida. O reflexo já aparece nos preços: o café moído acumulou um aumento de quase 33% nos últimos 12 meses, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o pacote de 1 kg, que custava R$ 35,09 no início do ano, agora é vendido, em média, por R$ 48,57. Essa tendência de alta, segundo especialistas, pode se prolongar até 2026, pois as plantações precisam de tempo e condições favoráveis para se recuperarem.

Por que o preço do café subiu tanto?

A elevação dos preços é resultado de uma combinação de fatores climáticos, econômicos e logísticos:

  • Estresse nas plantações devido ao clima
    Regiões produtoras, como Minas Gerais e São Paulo, enfrentaram calor intenso e escassez de chuvas. Essa situação debilitou os pés de café, que abortaram frutos para economizar energia. Mesmo com chuvas no período de florada, o dano às plantas já havia sido feito.
  • Recuperação lenta das lavouras
    Muitos produtores optaram por “esqueletar” os pés de café, técnica que envolve podas drásticas para permitir que as plantas concentrem energia em folhas e galhos. Isso melhora as condições para colheitas futuras, mas reduz drasticamente a produção imediata.
  • Demanda em alta
    O consumo de café segue crescendo no Brasil e no mundo, mesmo com preços elevados. Internamente, a bebida é a segunda mais consumida, atrás apenas da água. Internacionalmente, mercados como a China têm ampliado suas compras, pressionando a oferta local.
  • Aumento nos custos de transporte
    Conflitos geopolíticos, como as guerras no Oriente Médio, dificultaram o transporte global, elevando os custos de exportação e impactando diretamente o valor do café brasileiro.

Safra menor, preços recordes

De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de 2024 deve alcançar 54,8 milhões de sacas, uma queda de 0,5% em relação ao ano anterior. Enquanto isso, o preço da saca de 60 kg atingiu valores recordes, chegando a R$ 2.561,78 em dezembro na bolsa de Nova York.

“Essa insegurança sobre o futuro das safras faz com que o mercado mantenha os preços altos”, afirma Celírio Inácio da Silva, diretor executivo da Abic.

Perspectivas para o futuro

A recuperação das lavouras depende, sobretudo, do clima nos próximos anos. Para 2025, a expectativa ainda é de uma safra reduzida. Contudo, se 2025 tiver chuvas consistentes, as plantações podem se recuperar melhor para uma produção significativa em 2026.

“Sem condições climáticas adequadas, os preços devem permanecer elevados. As plantas precisam de um período de descanso e reestruturação para voltarem a produzir em larga escala”, explica Renato Garcia Ribeiro, pesquisador do Cepea.

A resiliência dos consumidores, aliada à crescente demanda internacional, indica que o café continuará a ser um produto valorizado no mercado global, enquanto os brasileiros aguardam por dias mais amenos — tanto no clima quanto no preço da bebida.

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