Mulheres relatam ser forçadas a gravar vídeos para a internet

Em agosto de 2022, uma jovem conseguiu escapar de um cativeiro no estado de Wisconsin, nos EUA, onde foi mantida por quase dois anos por seu namorado. Durante esse período, ela foi forçada a gravar conteúdos sexuais, que eram vendidos em plataformas online, incluindo o OnlyFans, de acordo com promotores. O resgate só foi possível graças a mensagens secretas enviadas por ela a familiares e amigos, alertando as autoridades.

O caso é um exemplo de como traficantes exploram plataformas digitais para lucrar com abuso sexual. Uma investigação da Reuters identificou múltiplos casos nos Estados Unidos onde mulheres foram forçadas a criar conteúdos explícitos sob ameaça, violência ou manipulação emocional.

Plataformas no centro do debate

O OnlyFans, uma plataforma conhecida por permitir a monetização de conteúdos adultos, defende que oferece um ambiente seguro para seus criadores. No entanto, especialistas apontam que traficantes usam o modelo de negócios da plataforma como um “nicho exclusivo” para explorar vítimas sem serem detectados.

Segundo Catheline Torres, da National Human Trafficking Hotline, é difícil avaliar a extensão do tráfico sexual em plataformas como o OnlyFans devido ao sistema de paywall, que limita o acesso aos conteúdos. Além disso, muitas vítimas têm medo de denunciar os abusos, dificultando a responsabilização dos agressores.

Casos emblemáticos

  • Wisconsin: Austin Koeckeritz foi condenado a 20 anos de prisão após forçar sua namorada a criar conteúdo sexual para plataformas online. “Os dois anos lá pareceram décadas”, relatou a vítima, agora com 23 anos.
  • Ohio: Um casal foi acusado de liderar uma rede de tráfico sexual em seis estados, usando o OnlyFans para organizar encontros e vender pornografia.
  • Arkansas: Michael Hall foi acusado de tráfico humano após forçar sua namorada a gravar vídeos para o OnlyFans sob ameaça de agressão física. Ele aguarda julgamento.

Desafios legais

Embora o OnlyFans tenha implementado novas regras para exigir provas de consentimento antes da publicação de conteúdos, especialistas destacam que o controle ainda é insuficiente. Em pelo menos dois processos pendentes nos EUA, a plataforma é citada como ré por lucrar com conteúdos resultantes de exploração sexual.

Empresas de tecnologia frequentemente alegam proteção legal sob a Lei de Decência nas Comunicações, que limita sua responsabilidade por conteúdos publicados por terceiros. No entanto, legislações recentes visam reduzir essas proteções em casos de tráfico humano.

Reflexões sobre a responsabilidade das plataformas

O debate sobre o papel de plataformas digitais no combate ao tráfico sexual segue crescendo. Embora criadores legítimos defendam o modelo de negócios do OnlyFans, os casos de abuso levantam questões sobre a eficácia das políticas de segurança e a necessidade de maior transparência e controle.

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