Puberdade precoce: sinais, diagnóstico e cuidados para um desenvolvimento saudável

Alterações no humor, autoisolamento e crescimento acelerado são um alerta de que algo pode estar fora do esperado no desenvolvimento de uma criança. A chamada puberdade precoce impacta não só o corpo, mas também pode gerar sofrimento emocional nos pequenos.

Considerada rara pelo Ministério da Saúde (MS), a condição ocorre quando os sinais de maturação surgem antes do esperado, afetando mais frequentemente meninas antes dos 8 anos e meninos antes dos 9.

“A prevenção da puberdade precoce envolve medidas que promovam hábitos saudáveis desde cedo. Incentivar a prática regular de atividades físicas e oferecer uma alimentação equilibrada são ações importantes”, orienta a endocrinologista Larissa Figueiredo, consultora médica do Sabin Diagnóstico e Saúde.

Além disso, a médica destaca que os pais devem ficar atentos a certas substâncias químicas no ambiente, como parabenos (encontrado em alguns produtos de higiene pessoal) e o bisfenol A (antigamente usado em bicos de mamadeiras e ainda presentes em garrafas de água e outras embalagens), pois podem interferir nos hormônios e antecipar a puberdade.

“Sempre que possível, escolham produtos livres dessas substâncias para proteger o desenvolvimento natural das crianças. O acompanhamento médico frequente também ajuda a identificar qualquer sinal precoce, permitindo uma intervenção rápida”, enfatiza a especialista.

Sinais de atenção

Os sinais da puberdade precoce são semelhantes aos observados na puberdade comum, mas ocorrem. Nas meninas, incluem o crescimento das mamas, o aparecimento de pelos pubianos e o início da menstruação. Já nos meninos, os sinais incluem o aumento dos testículos e pênis, aparecimento de pelos faciais e mudança de voz.

“Boa parte dos pais percebe essas mudanças físicas, mas é importante observar também o crescimento acelerado e a alteração no comportamento da criança, como maior irritabilidade ou isolamento. Esses são indicativos de que algo fora do normal pode estar acontecendo,” explica a médica.

Embora haja poucos dados globais sobre puberdade precoce, um estudo da Universidade de Gênova e do Instituto Gaslini, publicado no Journal of The Endocrine Society, apontou aumento de casos na Itália durante a pandemia de covid-19. Entre 133 meninas acompanhadas, 72 casos foram registrados em 51 meses antes da pandemia, contra 61 casos em apenas 15 meses durante a crise. O aumento foi associado a menor atividade física, má alimentação e mais tempo de tela.

Diagnóstico

Em caso de suspeita de puberdade precoce, os familiares devem procurar um médico para avaliar os sinais clínicos e, se necessário, realizar testes complementares. “Os exames de sangue ajudam a avaliar a dosagem de hormônios ligados à maturidade sexual, como o FSH, que estimula folículos ovarianos e produção de espermatozoides; o LH, que regula ovulação e produção de testosterona; além de estradiol e testosterona, os principais hormônios feminino e masculino, respectivamente, cujos níveis podem indicar o início antecipado da puberdade conforme a idade e sexo da criança,” explica a endocrinologista. Além disso, podem ser realizadas radiografias para avaliar a maturidade óssea.

Em alguns casos, o médico pode solicitar exames de curvas funcionais, que ajudam a entender a resposta hormonal do corpo. “Um exame comum é o teste com LHRH, que estimula a produção de FSH e LH. Após uma injeção do estimulante, são feitas coletas de sangue em intervalos regulares para observar a resposta hormonal. Níveis elevados desses hormônios podem confirmar a puberdade precoce”, esclarece Gélida Pessoa, especialista em análises clínicas do Sabin.

Tratamento

O tratamento depende da causa e do grau de avanço da puberdade precoce. Se identificado cedo, é possível utilizar medicamentos para retardar o processo e permitir que a criança tenha um desenvolvimento mais adequado à sua idade. “Quando o diagnóstico é feito precocemente, conseguimos evitar complicações, como a baixa estatura na fase adulta ou problemas emocionais decorrentes do desenvolvimento acelerado. A chave é o acompanhamento médico constante,” ressalta Larissa Figueiredo.

A duração dos cuidados especiais também varia a depender do paciente, mas o Ministério da Saúde sugere que a interrupção do tratamento seja avaliada com idade óssea próxima a 12,5 anos nas meninas e 13,5 anos nos meninos. Após essa fase, os pré-adolescentes ainda precisam ser acompanhados por endocrinologistas a cada seis meses.

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