Pequi, baru, guavira, bocaiúva e guariroba mostram como biodiversidade, tradição e saúde caminham juntas
Evelise Couto – No dia 11 de agosto, o Brasil celebra o Dia do Cerrado, uma data criada para valorizar e proteger um dos biomas mais importantes do país. Conhecido como berço das águas, por concentrar as nascentes de rios que abastecem diferentes regiões brasileiras, o Cerrado ocupa cerca de um quarto do território nacional e é reconhecido mundialmente como a savana mais biodiversa do planeta. São milhares de espécies de plantas, animais e insetos que formam um ecossistema único e vital para o equilíbrio ambiental.

Essa diversidade, porém, não está apenas nos mapas ou nos estudos científicos. Ela se manifesta também na vida cotidiana, na cultura popular e, sobretudo, nos alimentos que chegam à mesa. Os frutos típicos do Cerrado carregam cores, aromas e sabores que conquistam gerações e, ao mesmo tempo, oferecem nutrientes capazes de transformar a saúde.
O pequi é talvez o mais emblemático. Com aroma intenso e sabor marcante, ele se tornou símbolo da culinária regional em pratos como a galinhada. Mas não é só a tradição que o mantém vivo nas panelas: rico em vitaminas A e C, antioxidantes e gorduras boas, o pequi fortalece o sistema imunológico, dá energia e ajuda na visão e pele.
Outro protagonista é o baru, conhecido como a castanha do Cerrado. Pequeno por fora, gigante por dentro, o fruto ganhou fama internacional como “superalimento” graças ao seu alto teor de gorduras monoinsaturadas, proteínas, fibras e minerais como zinco e magnésio. Estudos mostram que o baru contribui para a saúde do coração e ajuda no controle do colesterol. Seu cultivo, muitas vezes feito por comunidades extrativistas, também garante renda e incentiva práticas sustentáveis.
A guavira, por sua vez, é a fruta-símbolo de Mato Grosso do Sul. Quem já experimentou conhece o sabor doce e refrescante, ideal para sucos, sorvetes e licores. Rica em vitamina C, fibras e antioxidantes, a guavira ajuda no fortalecimento do sistema imunológico e favorece a digestão. Não à toa, a fruta é motivo de festas e celebrações regionais.
Outro destaque é a bocaiúva, de aroma adocicado e presença constante em receitas tradicionais. Sua polpa pode ser transformada em farinha, óleo ou sobremesas, mantendo nutrientes como ferro, cálcio e vitamina A e do complexo B. Além de saborosa, é um alimento que atravessa gerações, carregando memórias de infância e identidade cultural.
Já a guariroba se destaca pelo amargor inconfundível, que divide opiniões, mas dá autenticidade a pratos como a galinhada goiana. Rica em fibras, auxilia o funcionamento intestinal e contribui para o equilíbrio da glicemia, mostrando que até os sabores mais desafiadores podem trazer benefícios importantes.
Para a nutricionista Maria Tainara, professora da Estácio, esses frutos representam uma conexão direta entre saúde, cultura e sustentabilidade. “Os alimentos do Cerrado não são apenas ricos em nutrientes. Eles guardam histórias, fortalecem tradições e promovem a preservação do bioma. Ao incluí-los na dieta, a população consome saúde e, ao mesmo tempo, contribui na geração de renda local, além de manter viva a identidade cultural e ambiental do Brasil”, explica.
Celebrar o Dia do Cerrado é, portanto, mais do que lembrar de um bioma. É reconhecer que nele estão nossas águas, nossa biodiversidade e também nossos sabores. Do pequi ao baru, da guavira à bocaiúva e à guariroba, cada fruto carrega consigo um pedaço da memória nacional. Valorizar e consumir esses alimentos é um gesto que nutre o corpo, sustenta comunidades e preserva um patrimônio natural que pertence a todos os brasileiros.